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Sob ocupação, Iraque vai às urnas e põe em xeque agenda de Obama

As eleições legislativas iraquianas deste domingo (7) são tão importantes para a o futuro do país árabe como para os Estados Unidos. De um lado, a ocupação militar gera sentimentos exacerbados e incomoda líderes políticos iraquianos. De outro, a Casa Branca quer que Bagdá assuma as rédeas da nação — e que o doloroso capitulo da invasão de 2003 se torne página virada.

O clima é de incerteza às vésperas do pleito. Neste sábado, três peregrinos iranianos morreram e outras 54 pessoas ficaram feridas pela explosão de um carro-bomba junto a um ônibus na cidade santa xiita de Najaf, no Iraque, a cerca de 160 quilômetros de Bagdá. Ao todo, no mínimo 49 pessoas foram mortas nos últimos dias de campanha eleitoral — algumas delas soldados e policiais que votaram antecipadamente.

Segundo analistas, no plano político, o pleito será determinante para o futuro da relação dos Estados Unidos com o Iraque. No militar, o resultado da eleição terá um impacto inevitável sobre a retirada das tropas. Pôr fim à impopular invasão do Iraque, que já matou 4.380 militares americanos e custou centenas de bilhões de dólares aos cofres públicos, foi uma das promessas eleitorais do presidente Barack Obama.

Atualmente, há cerca de 96 mil soldados americanos em solo iraquiano — mas o plano dos Estados Unidos é retirar metade desses militares até 1º de setembro deste ano. A outra metade, segundo o acordo entre as duas nações, deverá voltar para casa até o fim de 2011, cronograma que a Casa Branca não pretende mudar.

Em janeiro, em seu discurso sobre o Estado da União, Obama garantiu que "a guerra está chegando ao fim" e que está próxima a hora de os militares retornarem. É por tudo isso que a promessa do presidente americano também será posta à prova quando 18,9 milhões iraquianos elegerão um novo governo.

Depois do pleito, um dos desafios do Iraque é evitar a eclosão de surtos de violência e preparar a retirada das tropas americanas, que estão no país há sete anos, liderando uma coalizão imperialista que usurpou o poder de Saddam Hussein. Desde então, o país mergulhou em um conflito com um inimigo a cada dia mais esquivo. Não faltaram obstáculos e revezes desde a chegada das tropas ao Iraque.

Na memória coletiva, ainda estão as eleições de 2005, que não conseguiram pôr fim à insegurança, à crescente corrupção e às tensões sectárias. Mas, com o desemprego perto dos 10 % e uma economia que só agora começa a se recuperar da recessão, o Iraque deixou de ser uma prioridade para Obama, que decidiu se concentrar em questões internas e na segunda frente bélica que herdou de George W. Bush.

A retirada americana vai ser concluída sem que as tropas tenham cumprido um de suas falsas promessas: acabar com a insegurança no país — tarefa que ficará a cargo de aproximadamente 1 milhão de soldados e policiais iraquianos. Certo mesmo é o sentido da ação: os Estados Unidos vão tirar soldados do Iraque para levá-los para o Afeganistão e, em outra pátria, continuar sua escalada imperialista.

Da Redação, com agências