Antonio Capistrano: A falência dos Partidos Políticos no Brasil

Com raríssimas exceções, os partidos políticos perderam as características de agremiação partidária. Na sua maioria, são meros instrumentos de interesses individuais. Sempre prevalecendo o poder da liderança do momento, eles fazem as mais esdrúxulas alianças e pronto.

Partidos
Um expressivo número de Partidos Políticos se transformaram em instrumento do poder político de poucos. Aqui no nosso estado, a maioria dos partidos políticos tem dono. Pouquíssimos têm um caráter nacional, uma direção colegiada e uma só linha de atuação. Este comportamento atrapalha e deturpa o processo democrático e a atuação política dos filiados, dos militantes e das lideranças partidárias.

Ocorre, às vezes, o absurdo de uma liderança política (forte, com dinheiro ou com poder político) controlar diversas siglas partidárias, algumas dessas siglas com programas antagônicos, que vai do socialismo ao neoliberalismo.

O Rio Grande do Norte é um exemplo clássico dessa bagunça partidária. Cenário de um fisiologismo desgraçado que corroei os Partidos Políticos, desorienta o eleitorado, macula o processo eleitoral. Sendo um fator preponderante de corrupção. Essa bagunça estimula a traição política, a falta de coerência partidária e o fisiologismo.

Eu defendo o centralismo democrático, à fidelidade partidária, as decisões dentro da linha ideológica traçado no programa e no estatuto de cada Partido.

Sem partidos com uma ideologia definida, sem a obediência por parte dos seus filiados e principalmente dos seus lideres aos preceitos estatutários e ideológicos que caracterizar uma agremiação partidária, cria-se um campo propício à desmoralização da atividade política, afastando a juventude e o povo dessa importante atividade que é basilar para a democracia, e para a formação do cidadão consciente dos seus direitos e deveres e, com capacidade de escolher bem os seus representantes.

Esse desestímulo a participação política dos jovens e do povo em geral, não acontece por acaso, o desinteresse pela política e a visão distorcida dessa atividade por parte da população interessa as oligarquias, facilita a sua dominação e a sua eterna permanência no poder. Quanto mais o povo afastado da política melhor para os “caciques”, quando maior for o desinteresse da juventude pela atividade política/partidária, mais fácil à dominação e a certeza de que não haverá mudanças.

Eis o principal motivo da não aprovação da reforma política. Os grupos oligárquicos fogem da reforma política como o diabo da cruz, eles preferem essa miscelânea partidária, essa convulsão na legislação eleitoral, do que uma reforma política que venha colocar ordem nos partidos políticos e no processo eleitoral.

O pior, como as oligarquias dominam a grande mídia fica praticamente impossível mudar o quadro político brasileiro.

O discurso da imprensa é de desmoralização da atividade política, sempre procurando confundir com a tal história de que todos os políticos calçam 40, todos os Partidos são iguais, facilitando com isso o domínio permanente do poder por uma elite sem nenhum compromisso com o povo.

Portanto, uma grande tarefa, das pessoas politicamente conscientes e das agremiações partidárias comprometidas com o povo, é estimular o gosto pela atividade política. O único caminho para se conquistar uma sociedade justa e verdadeiramente democrática é com a participação consciente de todos na atividade partidária.

Ter consciência política dos problemas sociais e econômicas facilita a solução dos mesmos. É fundamental a mobilização da sociedade na busca de um país democrático. Com essa elite que está aí, é difícil avançar-mos.

A nossa mídia é antidemocrática, é golpista, na verdade ela não deseja mudanças na legislação eleitoral. Precisamos mudar esse parâmetro midiatico, por que a mídia é fundamental na mobilização e conscientização de todos, sem uma visão política correta por parte da maioria fica difícil mudar Por isso, repito aqui uma frase de Pedro Demo, “O pior analfabeto é o analfabeto político, esse é cego, não ver a realidade”.

Nas eleições desse ano (2010) vamos escolher os melhores. Analise com cuidado, você encontrará bons candidatos, bons nomes tanto a nível estadual como a nível nacional. Não vote por que o candidato é simpático, pelo aperto de mão, pelo sorriso fácil, pela tapinha na costa, geralmente tudo isso é demagogia, sempre gestos eleitoreiros. Vote pela seriedade e competência, são fundamentais na hora da escolha.

 

Antonio Capistrano, ex-reitor da UERN, é filiado ao PCdoB