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Alemanha: Igreja enfrenta denúncias de abusos contra menores

Denúncias de casos de pedofilia e violência nos colégios, escolas e conventos da Igreja Católica tornaram-se um caso político na Alemanha.

Após casos de pedofilia em escolas jesuítas revelados no mês passado, a Alemanha se depara com novas denúncias de abusos contra menores em instituições ligadas à Igreja Católica. Padres alemães são acusados de ter espancado e abusado sexualmente de garotos há décadas, em pelo menos três instituições da Bavária, região no sul do país onde nasceu Joseph Ratzinger, o papa Bento XVI.

Tais denúncias levantaram reações de vários setores da política alemã. A ministra da Justiça, Sabine Leutheusser-Schnarrenberger, do Partido Liberal, disse que considera necessária a organização de uma mesa redonda que reúna governo, forças políticas e sociais e representantes das Igrejas para enfrentar o grave problema das violências e dos abusos sexuais contra crianças e adolescentes.

“Uma mesa redonda não quer dizer colocar a Igreja na berlinda, mas exigir um trabalho de esclarecimento de toda a sociedade”, justificou Leutheusser-Schnarrenberger.

A ministra da Justiça já apresentou o pedido de formação da mesa redonda por duas vezes. Na primeira, o presidente da Conferência Episcopal Alemã, Robert Zollitsch, recusou o pedido indignado.

No entanto, as recentes revelações criaram um clima de tensão. O governo da chanceler cristão-democrata Angela Merkel prometeu “tolerância zero" contra a pedofilia nas escolas e instituições religiosas e pediu à cúpula eclesiástica que anuncie o mais rápido possível formação da mesa redonda para que sejam esclarecidas as violências contra os menores.

Sabine Leutheusser-Schnarrenberger ainda acusa o Vaticano de ter acobertado os casos, durante muito tempo, com um muro de silêncio. Um muro, que segundo ela, vinha de uma diretiva da Congregação para a Doutrina da Fé, um dos órgãos mais importantes da Igraja Católica, em 2001, quando sua direção estava nas mãos do então cardeal Joseph Ratzinger.

No mesmo sentido, o ministro da Justiça bávara, Beate Merk, do partido conservador e católico União Social-Cristã (CSU), defendeu que “a Igreja deve dar à sociedade um claro sinal de considerar como uma prioridade importante a defesa e o socorro das vítimas dos abusos”.

Encontro

Nesta sexta-feira (12) haverá um encontro no Vaticano entre o Papa Bento XVI e o presidente da Conferência Episcopal Alemã, Robert Zollitsch. O encontro tinha como objetivo a apresentação dos temas surgidos durante a plenária dos bispos alemães. No entanto, as recentes denúncias a respeito dos abusos cometidos em instituições ligadas à Igreja Católica na Alemanha e as revelações feitas pelo irmão mais velho de Bento XVI, Georg Ratzinger, que admitiu ter agredido meninos do Coro dos Pardais do Duomo de Regensburg, do qual foi diretor entre 1964 e 1994, estarão no centro das discussões entre as duas autoridades.

Fointe: Brasil de Fato