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 México co-responsabiliza EUA por combate ao crime organizado

O assassinato de três funcionários do consulado dos Estados Unidos em Ciudad Juárez, no sábado (13), colocou mais pressão sobre o governo de Felipe Calderón no combate ao narcotráfico na cidade, considerada a mais violenta do mundo. Ontem (16), em visita a Juárez, Calderón, que foi recebido com protestos pelos moradores, ressaltou a co-responsabilidade dos EUA no tema. A reprimenda nos norte-americanos parte justamente de um dos poucos ''aliados'' que eles têm na região.

"As coisas se complicaram ainda mais desde sábado, porque as mortes deram uma dimensão internacional à questão”, disse Calderón durante a terceira visita em um mês à cidade mexicana.

“É indispensável que o combate ao crime organizado seja assumido plenamente como uma responsabilidade compartilhada entre Estados Unidos e México (…), cada um em seu território no âmbito de sua competência", afirmou, lembrando que o consumo de drogas nos EUA e a entrada de armas no México são também responsabilidade de Washington.

A violência em Juárez, alimentada pelo narcotráfico, matou pelo menos cinco mil pessoas nos últimos dois anos, segundo dados oficiais. De acordo com a Secretaria de Segurança Pública do Estado de Chihuahua (onde fica a cidade), o aumento no número de assassinatos é resultado de uma crescente guerra entre o cartel de drogas de Sinaloa, liderado pelo homem mais procurado do México, Joaquín "El Chapo" Guzmán, e o cartel de Juárez.

O crime organizado não é um fenômeno recente no México. Segundo especialistas, o aumento da violência tem a ver com a disputa territorial e a natural reagrupação dos cartéis, que vivem em constante movimentação frente às alianças e rompimentos entre seus líderes.

Com a chegada de Calderón ao poder em 2006 e seu plano de combate ao narcotráfico, mais de 45 mil soldados do Exército foram mobilizados para localidades mexicanas tomadas pelo crime. A estratégia, que inclui também ações sociais, é criticada pelos EUA. A secretária de Segurança norte-americana, Janet Napolitano, disse à rede MSNBC que a ideia de levar o Exército a Juárez "não teve qualquer efeito no combate à violência”. Cerca de oito mil soldados atuam na cidade no norte do país.

Participação dos EUA

O embaixador dos EUA no México, Carlos Pascual, assegurou que seu governo vai apoiar a luta contra o crime organizado, mas afirmou que nenhum agente de segurança norte-americano vai trabalhar em território mexicano, tema que provoca controvérsia no país.

"Continuaremos trabalhando conjuntamente contra esta ameaça a nossas comunidades em um espírito de respeito mútuo, mas nenhum oficial das agências da lei dos EUA vai realizar operações no México", explicou o diplomata, que acompanhou Calderón a Ciudad Juárez ontem.

“A atuação de agentes de segurança norte-americanos em território mexicano fere leis mexicanas”, disse a BBC Mundo Pedro Vázquez, deputado federal pelo Partido do Trabalho. “Jamais permitiremos que desempenhem tarefas da alçada do Ministério Público. A investigação do narcotráfico é tarefa das nossas autoridades”

Protestos

Durante a visita do presidente mexicano a Juárez, um grupo integrado por estudantes, professores, mães de jovens assassinados e outros familiares de vítimas, exigia a demissão de Calderón e a saída dos militares enviados à Juárez, pois há denúncias de violações aos direitos humanos. Ao menos oito pessoas foram detidas.

Com Opera Mundi