Saúde: Boatos sobre vacina são "irresponsáveis"
Contatado pelo portal G1, da Globo, sobre a propagação de milhares de mensagens acusando a vacina contra a gripe suína, ou H1N1, de ser ineficaz ou pertencer a uma grande conspiração, o Ministério da Saúde negou de forma peremptória a boataria.
Publicado 17/03/2010 20:07
“Mais de 300 milhões de pessoas já foram imunizadas com essa vacina no Hemisfério Norte, sem qualquer efeito colateral grave. A vacina é eficaz, segura e protege a população”, diz o órgão federal em nota enviada ao site das organizações Globo.
“E-mails e boatos irresponsáveis como esses ocorrem em todas as campanhas realizadas pelo mundo”.
As mensagens equivocadas são reflexo da indução ao pânico feito pela mídia recentemente, quando a nova forma do vírus da gripe foi detectada no México e se espalhou em seguida para o resto do mundo.
O gerente da área de Vigilância em Saúde, Prevenção e Controle de Doenças da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), o brasileiro Jarbas Barbosa, defendeu na última segunda-feira (15), a vacinação contra gripe suína de crianças em idade escolar como estratégia para reduzir a transmissão do vírus.
Barbosa destacou que a medida é recomendada pelo órgão, mas que os países têm liberdade para adotá-la ou não segundo sua realidade.
O Brasil não vacinará crianças em idade escolar porque optou por priorizar grupos com maior risco de hospitalização e morte, medida também recomendada pela organização.
"Sou totalmente favorável que se vacine escolares, quando há vacina disponível. A taxa de ataque (que expressa a possibilidade de contágio do grupo) nessa faixa etária é três vezes maior que nas outras", disse Barbosa.
Ao ser questionado pelo público sobre eventuais riscos da vacina, Barbosa defendeu a segurança do imunizante. "É a igual à usada há anos contra a gripe comum e extremamente segura. Só não pode ser vacinado quem tem alergia a ovo." Segundo ele, não há registro de problemas significativos nos Estados Unidos, que vacinaram milhares de pessoas.
Um estudo canadense publicado recentemente no Journal of the American Medical Association mostrou a eficácia da imunização de crianças e adolescentes contra a gripe. Segundo o trabalho, a vacinação dessa faixa etária poderia reduzir em 60% os casos de gripe em uma comunidade. Apesar dos benefícios, a maior parte dos países não costuma imunizar a faixa etária dos 3 aos 15 anos.
O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, afirmou ao jornal O Estado de S.Paulo que não pode basear a estratégia de saúde pública em evidências científicas recentes. Disse ainda que o método adotado no Brasil é aprovado por todas as entidades médicas.
Questionado sobre a restrição da vacina, na rede pública, a certas faixas etárias, Temporão disse que não há a disponibilidade de doses de vacinas para a totalidade dos brasileiros, em um curto prazo.
"Não há acesso, no mercado internacional, para vacinar 190 milhões de brasileiros", respondeu o ministro. As vacinas que estão sendo ministradas no país foram feitas no próprio país, no Instituto Butantan, e o governo fez um esforço enorme para contratar a entrega de 90 milhões de doses, segundo informou Temporão.
O ministro também afirmou que o objetivo da vacinação não é erradicar o vírus, mas proteger os indivíduos mais propensos a desenvolver quadros graves da doença.
Até o dia 19, profissionais de saúde e povos indígenas serão imunizados. A partir da próxima segunda-feira (22), até o dia 2 de abril, a vacinação será destinada a gestantes, doentes crônicos e crianças de 6 meses a 1 ano e 11 meses.
Jovens de 20 a 29 anos devem receber a vacina entre os dias 5 e 23 de abril. De 24 de abril a 7 de maio será a vez das pessoas com mais de 60 anos que sofrem de doenças crônicas. A última fase ocorre entre 10 e 21 de maio e será voltada para adultos de 30 a 39 anos.
Da redação, com agências