A desestruturação do CT: uma obra do caos antidemocrático

O Professor Maurício Monteiro venceu a eleição com ampla maioria. O Reitor Luiz Júnior, em mais uma demonstração de autoritarismo, não nomeou a chapa vencedora, por conveniência política, uma vez que a chapa eleita era de oposição à sua administração. É tamanha a violação das regras democráticas que o reitor utilizou-se do recurso espúrio da lista tríplice, instrumento bastante utilizado na ditadura militar, na medida em que nomeou o professor e vereador Edson Melo, o qual sequer disputou o pleito e, numa atitude digna, rejeitou tal nomeação.

Ultrajando os ditames democráticos exigidos em uma universidade pública, no dia 10 de fevereiro deste ano, ou seja, no período de férias, o Reitor convocou uma nova consulta para o CT. Novamente, ele deu continuidade a um processo eleitoral viciado e ilegítimo, uma vez que abriu as urnas somente por cerca de meia hora. Compôs-se, portanto, uma farsesca eleição relâmpago com o despudorado objetivo de eleger um candidato títere do reitor. A forma ditatorial como a atual reitoria trata as questões relativas à representação docente, discente e técnico-administrativa nos deixa estarrecidos. Essa prática avessa às regras regimentais e estatutárias da universidade evoca um passado não muito distante em que, lastimavelmente, os direitos e garantias fundamentais foram frontalmente agredidos e, por último, suprimidos. O que se testemunha nesta academia são atos administrativos avessos a qualquer tipo de regramento interno e externo da UFPI. Uma das provas dessa sistemática compulsão ao cumprimento das regras instituídas evidencia-se quando o reitor retira dos diretores de centros e chefes de departamentos o poder decisório e a autonomia desses cargos prevista no estatuto desta Universidade.

Neste momento, o enfrentamento do autoritarismo do reitor exige que nos posicionemos com relação ao que tem acontecido no CT. A comunidade não pode permanecer indiferente à prática reiterada de abusos contra os seus próprios interesses. São os alunos os que mais sofrem com a falta de estrutura decorrente de uma direção de centro ilegítima. Inaugurações e mais inaugurações de prédios parecem deixar o reitor satisfeito. Ele, aparentemente, pensa que isso é suficiente. Os Centros necessitam, sobretudo, de materiais práticos para um aprendizado de qualidade dos alunos; infraestrutura laboratorial adequada; equipamentos de qualidade e em quantidade suficiente; bibliotecas setoriais; equipamentos de ar condicionado e até datashows funcionais; entre outros tantos problemas que afetam as atividades acadêmicas.

Ninguém ignora que a precarização das instalações e de todo o aparato instrumental para o bom andamento das atividades acadêmicas é comum a todos os outros Centros. Porém, nesta hora, ela se agrava pelo fato de o CT estar passando por uma situação política de violência institucional sem precedentes nos tempos de reconstituição do regime democrático neste país. A designação de um diretor sem apoio de sua comunidade retira-lhe a legitimidade, a autoridade e o compromisso necessários para atender as demandas do CT. Acrescente-se a esse quadro para lá de caótico, a ausência de professores para cobrir a oferta de disciplinas deste semestre. Isso acontece por causa da expansão descoordenada do REUNI. Em lugar da realização de concurso, o que se tem adotado é a improvisação de professores substitutos, além da sobrecarga de trabalho dos demais docentes. Muitos professores, ministrando até cinco disciplinas diferentes, se encontram impossibilitados de exercer a pesquisa e a extensão.

Portanto, todos nós estamos convocados a abraçar a causa de uma universidade democrática e livre da ditadura dessa administração superior.

*Carta aberta direcionada à comunidade acadêmica da UFPI (Universidade Federal do Piauí) e assinada por Associação dos Docentes da UFPI – ADUFPI/SSIND, Diretório Central dos Estudantes da UFPI, União Nacional dos Estudantes – UNE, CAs: Filosofia; Geografia; História, Física; Medicina Veterinária; Química; Ciências da Natureza; Ciências Sociais, Educação Física, Economia, Administração e Serviço Social.