Milhares vão às ruas de Salvador gritar pela preservação da água

Incolor, insípido e inodoro. Ou seja, sem cor, sem gosto e sem cheiro. Assim é o líquido mais precioso do planeta, a água, cujo dia foi comemorado em todo mundo nesta segunda-feira (22/3). Em Salvador, a data foi marcada pela décima edição do Grito da Água, caminhada que levou milhares de pessoas para as ruas do Centro da cidade. O protesto é um alerta contra a privatização, a escassez galopante de água doce no planeta e a destruição dos mananciais hídricos.

“Apenas 50% da água doce do planeta é utilizada pela população. Por isso, nós estamos trazendo este protesto para a rua, para chamar à atenção para a necessidade de preservar a água do nosso planeta. Temos aqui na capital mais de 30 mil pessoas sem água e no estado inteiro cerca de 4 milhões pessoas sofrem com a seca e a falta de água. A situação é ruim também em relação à rede de esgoto, que chega a apenas 40% da população de Salvador”, afirma Pedro dos Santos, secretário geral do Sindae Bahia (Sindicato dos Trabalhadores de Água e Esgoto).

A pesquisa Qualidade Ambiental das Águas e da Vida Urbana em Salvador, realizada pelo Centro Interdisciplinar de Desenvolvimento e Gestão Social – da Escola de Administração da Ufba, apontou que nenhum dos 12 principais rios da cidade apresenta Índice de Qualidade Ambiental (IQA) ótimo. Isto mostra que apesar dos esforços em implantação de um sistema de esgotamento sanitário em Salvador e sua região, ainda há um grande comprometimento dos rios, ou o que deles restou, devido à falta de uma rede coletora de esgotos na cidade.

Para o coordenador da ONG Cajaverde, Kilson Melo, a pesquisa mostra apenas o que a população vizinha dos rios denuncia constantemente. “Por isso, nós de Cajazeiras estaremos fazendo a nossa Caminhada da Água, na próxima quarta-feira. A concentração começa às 7h, na Rotula da Feirinha. O destino é a Praça da Fazenda Grande II em frete a sede da Cajaverde. A caminhada será finalizada com plantio de mudas e intervenção cultural com grupos da comunidade”, convida Kilson, lembrando que a participação de todos é muito importante.

O Grito da Água é um protesto organizado, pacífico e ao mesmo tempo animado, que arrasta uma multidão pelas ruas. Este ano, mais de cem entidades do movimento social participaram do evento, que teve como tema central “Água e meio ambiente: vamos preservar sem privatizar”. Muitas lideranças políticas também aderiram ao protesto, entre elas os vereadores Gilmar Santiago (PT) e Olívia Santana (PCdoB).

O objetivo do Grito é alertar a população para o risco de ficar sem água. Nos últimos cem anos, a população do planeta quase quadruplicou e a necessidade de água aumentou seis vezes. A escassez de água potável atinge hoje 2 bilhões de pessoas e a Organização das Nações Unidas (ONU) prevê que, se não forem adotadas medidas para equilibrar o consumo, dentro de 25 anos serão 4 bilhões de pessoas que não terão água em quantidade suficiente para as necessidades básicas.

De Salvador,
Eliane Costa