Parlamentos dizem que vão rejeitar tratado entre Rússia e EUA
Rússia e Estados Unidos anunciaram nesta quarta-feira que acertaram todos os detalhes de um novo tratado de armas estratégicas e nucleares, destacando que o novo documento será assinado em breve em Praga, capital da República Tcheca, segundo revelou uma fonte do governo russo à agência RIA Novosti. Parlamentares dos dois países afirmaram que, do jeito que está, será rejeitado.
Publicado 24/03/2010 19:18
"Praga foi considerada o melhor lugar para a assinatura do tratado de redução de armas estratégicas. Todos os documentos estão prontos para serem assinado", afirmou a fonte.
"A decisão final da hora e lugar da assinatura será dada pelos presidentes da Rússia e dos Estados Unidos", explicou. No entanto, especialistas apontam que pode haver problema na ratificação por parte dos legislativos de ambos os países.
A Duma (parlamento russo) não aprovará o documento se este não incluir armamento ofensivo e defensivo, o que implica na não instalação do programa de radares e mísseis que os EUA tencionam instalar na Europa Central.
"Os deputados da Duma participaram nos preparativos do acordo START-2, mas não vão ratificá-lo se não incluir disposições sobre as questões de defesa antimíssil", disse o presidente do parlamento, Borís Gryzlov.
O Senado americano já se manifestou também dizendo que não ratificará o texto se este limitar a capacidade dos EUA de usar o programa antimísseis "para defender seus aliados", como afirmou recentemente o senador republicano John McCain.
Os presidentes russo e americano concordam que o novo tratado de desarmamento deve reduzir o número de ogivas nucleares de cada país para um número entre 1.500 e 1.675 em seus primeiros sete anos de vigência.
O ministro de Relações Externas da Rússia, Serguei Lavrov, disse na terça-feira que o tratado tem mais de 20 páginas, assim como tem anexado um extenso protocolo.
Na semana passada, Lavrov e a secretária de Estado dos Estados Unidos, Hillary Clinton, expressaram em Moscou sua confiança na pronta assinatura do novo tratado.
Rússia e Estados Unidos negociavam um tratado de redução de armas estratégicas desde que os dois presidentes se encontraram pela última vez, em abril do ano passado, mas o trabalho nos documentos se arrastou, graças aos planos americanos de instalar uma "defesa antimísseis" na Europa.
O tratado anterior, denominado START 1, expirou em dezembro de 2009 e foi a pedra fundamental do controle de armas do período posterior à Guerra Fria.
O chefe da diplomacia russa preferiu um tom positivo, sublinhando que “não há motivos para preocupações”, já que “haverá uma ligação garantida legalmente” entre os dois assuntos.
Lavrov disse que o novo acordo poderá estar pronto para ser assinado até ao início de abril.
Da redação, com informações da RIA Novosti