Assembléia Legislativa instala CPI sobre o metrô de Salvador

Depois de quase um mês de anunciada, foi instalada na manhã desta quarta-feira (7/4) na Assembleia Legislativa da Bahia a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar irregularidades envolvendo o metrô de Salvador. Mas, a CPI só iniciará os trabalhos na próxima semana, quando acontecem as eleições para os cargos de presidente e relator, conforme a convocação feita ao final de sessão.

A escolha dos nomes foi adiada devido à falta de consenso entre os partidos que compõe a Comissão. Um acordo em torno dos nomes para ocupar a relatoria e a presidência é condição fundamental para o funcionamento da CPI, já que a composição é formada por quatro membros indicados pela bancada governista, três pelos oposicionistas e um do PMDB, que se declara independente, mas vota com a Oposição. A expectativa é de que um acordo aconteça até a próxima quarta-feira.

A instalação da CPI foi aprovada no dia 8 de março, após o requerimento para mesma receber o voto de 35 parlamentares. O objetivo da Comissão é apurar o que aconteceu durante todo o período de obras do metrô, incluindo a licitação inicial, de 1999 (durante a gestão de Antônio Imbassahy). O atual governo de João Henrique (PMDB), que continuou as obras, está incluso na investigação.

Segundo o líder da bancada do PCdoB na Assembléia, deputado Álvaro Gomes, a CPI é válida, mas a Câmara de Vereadores de Salvador é a instância mais adequada para a investigação. “Nós vamos participar da Comissão e tentar buscar solução para o problema. O que nós queremos é que o metrô comece logo a funcionar, pois a capital não pode mais ficar sem um sistema de transporte de massa adequado”, acrescentou.

Câmara Municipal

A bancada de Oposição da Câmara de Vereadores também tentou criar uma Comissão para apurar as irregularidades do metrô de Salvador. Apesar dos esforços, o requerimento para instalação da Comissão Especial de Inquérito (CEI) recebeu apenas 13 assinaturas das 21 necessárias para a instalação, sendo 8 da bancada de oposição e 5 de vereadores da bancada governista.

“A demora na conclusão da obra e o aumento de seu custo tornaram esta uma situação grave que a Câmara tem a obrigação de apurar. A situação é vexatória. Salvador virou motivo de piada nacional. Dez anos de construção de um metrô que é o menor do mundo com 6,5 km de extensão e quatro estações, além de uma infinidade de irregularidades e denúncias de desvio de recursos”, enfatizou a vereadora Aladilce Souza, líder da bancada do PCdoB na Câmara Municipal.

Pensado para desafogar o tráfego e melhorar o sistema de transporte público, o metrô virou um grande problema para Salvador. A construção do primeiro trecho de 12 km, ligando a estação Pirajá e a Lapa, iniciada em 2000, com previsão de entrega em 2003, sofreu sucessivos atrasos. Hoje, 10 anos depois, ainda não há previsão do início da operação de metade da obra: os 6km que ligam a Rótula do Abacaxi à estação da Lapa.

Nestes dez anos, o projeto já consumiu cerca de R$ 525 milhões. Mudanças no projeto, denúncias de irregularidades, embargos e retenção de recursos foram alguns dos motivos que atrasaram a conclusão do metrô. Os trens chegaram à cidade em dezembro de 2008 e estão guardados em galpões, o que aumenta significativamente os gastos com a obra.

De Salvador,
Eliane Costa