Nicarágua: Os EUA e a unidade da oposição
Washington parece insatisfeito com as discrepâncias entre os opositores do governo sandinista e enviará um de seus pesos pesados para tentar forçar uma unidade capaz de recuperar o poder nas eleições do próximo ano.
Publicado 07/04/2010 12:21
Esta é a leitura principal que se fez da chegada, na capital, nos próximos dias, do ex-embaixador em Honduras e atual assessor para assuntos latino-americanos da adminsitração do presidente Barack Obama, Crescencio "Chris" Arcos, anunciada nesta terça-feira (07) pelo jornal La Prensa.
O jornal conservador – sobre o qual se afirma que normalmente está bem informados sobre o que se cozinha na Embaixada norte-americana em Manágua – disse, citando uma fonte liberal que não identifica, que Arcos se reunirá com líderes da oposição para "analisar os avanços e o futuro da unidade das forças democráticas".
"Não se descarta que, em sua reunião com dirigentes liberais, Arcos apresente uma proposta para um processo de unidade definitivo, com independência para que o candidato à Presidência seja escolhido em eleições primárias", disse, em sua nota, o jornal da família Chamorro.
De acordo com o La Prensa, ao se concretizar a visita, será a quinta vez que o enviado dos EUA se reúne com líderes da oposição ao governo da Frente Sandinista de Liberación Nacional (FSLN).
O encontro mais recente ocorreu em janeiro deste ano, ocasião em que Arcos foi, oficialmente, para dar uma palestra na Câmara Americana de Comércio da Nicarágua (AmCham), uma organização que promove os valores norte-americanos, nos campos econômico e comercial.
Nesta nova visita, Arcos lançará uma nova tentativa de pôr em acordo os principais líderes da oposição para que deixem de lado suas ambições pessoais em prol da formação de uma coalizão política com alguma chance de sucesso nas eleições gerais de novembro no próximo ano.
Neste esforço, já parecem ter fracassado a Internacional Liberal, que enviou uma delegação de alto nível no início de fevereiro e, em seguida, os congressistas Christopher Dodd e Robert Corker, que fizeram uma visita muito rápida a Manágua no final daquele mesmo mês, com objetivos nunca muito bem esclarecidas.
A verdade é que as forças políticas opositoras ao governo sandinista agora parecem mais divididas do que nunca, e os seus líderes agora parecem ter intenções de ceder em suas pretensões individuais.
Por um lado, o ex-presidente Arnoldo Alemán reina sem adversários à vista no Partido Liberal Constitucionalista (PLC) e apela para eleger o candidato único da oposição em eleições primárias, nas quais se sabe seguro ganhador, mas não parece gozar da preferência de Washington.
Outro candidato é o banqueiro Eduardo Montealegre, favorito da Internacional Liberal, mas, como Alemán, é acusado de graves crimes econômicos cometidos quando ocupou cargos públicos importantes na década de noventa. Até mesmo a igreja, que atua como um facilitadora na busca de unidade da oposição, obteve sucesso na tentativa de aproximar esses dois personagens controversos.
Neste cenário, o tempo está a favor dos sandinistas, fato pelo qual , para os Estados Unidos, é de extrema importância promover a unidade da oposição no menor prazo possível, mesmo que com novas caras, ou pelo menos com algumas não tão novas mas menos desgastadas.
Fonte: Prensa Latina