Sem categoria

Ministro critica taxa de juros alta e quer mais competição

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, admitiu nesta quarta-feira que a taxa de juros para o consumidor brasileiro é alta. Ele reclamou da falta de concorrência no setor financeiro e disse que os bancos públicos estão tentando aumentar esse processo. Suas declarações vão na contramão das sinalizações emitidas pelo Banco Central de que vai aumentar as taxas básicas de juros na próxima reunião do Copom, convocada para 27 de abril.

Mantega participou, na manhã desta quarta, de uma audiência pública na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Dívida Pública, na Câmara dos Deputados. "Para o consumidor, os juros ainda são elevados, o spread (diferença entre os juros que um banco paga para pegar dinheiro emprestado e a que cobra para emprestar ao cliente) do setor privado também. Falta concorrência no setor financeiro, mas ela está sendo estimulada pelos bancos públicos. São poucos os bancos que disputam crédito e graças aos bancos públicos há competitividade, mas ainda está aquém do que queríamos", afirmou.

Não gosto de pagar juros

O ministro destacou que a parcela do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro – soma de todas as riquezas produzidas no País – usada para pagar juros da dívida pública tem caído ao longo dos anos.

"Não gosto de pagar juros, eles penalizaram muito o Brasil no passado. O País chegou a ser campeão mundial de juros, pagando 40%, 50% de juros ao ano e juros reais de 20% ao ano. Isso é um absurdo, fomos levados a essa situação. Hoje é diferente. No ano passado, 5,4% do PIB foi usado para pagar juros da dívida, e a projeção para este ano deve ser de 4,8%. Ainda acho alto, mas vamos olhar para o passado, quando pagávamos 8%. Espero que no futuro esse percentual seja de 3%, porque o Brasil tem condições", disse.

O percentual citado por Mantega, na verdade, é altíssmo. É bem mais do que o país gasta com Previdênia e significa uma brutal transferência de renda do setor público para a oligarquia financeira, em detrimento dos investimentos sociais e em infra-estrutura.

Mantega afirmou ainda que não há nenhum demérito em um país exportar commodities, como faz o Brasil, porque ao contrário da situação passada, como nas décadas de 1960 e 1970, os produtos agora têm mais valor agregado.

Da redação, com agências