George Câmara: A Copa do Mundo de 2014 e os vereadores da RMN

Do ponto de vista demográfico a Região Metropolitana de Natal concentra, pelos dados do IBGE atualizados em 01/07/2009, 1.322.984 habitantes nos seus 10 municípios (Ceará Mirim, Extremoz, Macaíba, Monte Alegre, Natal, Nísia Floresta, Parnamirim, São Gonçalo do Amarante, São José de Mipibu e Vera Cruz). Tais números correspondem a 42,17% da população do nosso Estado, que totaliza, segundo o mesmo órgão, 3.137.541 habitantes, em 167 municípios.

Arena das Dunas
De acordo com o Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente do Rio Grande do Norte (IDEMA/RN), no tocante à dimensão físico-territorial, a mesma RMN ocupa uma superfície de 2.811 Km², o que equivale a 5,32% da área do Rio Grande do Norte, com superfície total de 52.797 Km². As relações econômicas e funcionais entre o núcleo e a periferia metropolitana se dão sob forte liderança de Natal, devido a sua importância econômica e concentração de serviços públicos, cuja posição é marcante na referência sócio-econômica da capital.

A exemplo do que ocorre nos demais centros urbanos brasileiros, a Região Metropolitana de Natal enfrenta hoje uma multiplicidade de problemas, sobretudo aqueles voltados para a oferta de infra-estrutura urbana e o atendimento aos serviços básicos para a população, a fim de fazer face às demandas atuais, independentemente de qualquer cenário tendencial de crescimento em curto e médio prazos.

A escolha da capital potiguar como uma das 12 cidades brasileiras que sediarão a Copa do Mundo de 2014 veio não apenas reafirmar a necessidade de enfrentar tais questões como passou a estabelecer absoluta urgência nesse enfrentamento, tornando indispensável dotar a cidade e toda a Região Metropolitana de Natal de capacidade para atender às exigências demandadas por um evento de tal porte.

A realização de uma Copa do Mundo de Futebol numa determinada cidade ou região traz, a um só tempo, oportunidades e ameaças. Pode significar a captação de recursos para investimentos públicos e privados visando construir a infra-estrutura necessária, como pode, em caso contrário, agravar ainda mais o quadro de insuficiência para dar conta da vida cotidiana e das exigências adicionais inerentes ao evento em si.

É preciso que as obras para a Copa do Mundo, na Região Metropolitana de Natal, sejam de natureza estruturante e tenham a marca do médio e longo prazos, sendo inadmissível qualquer intervenção que tenha por objetivo atender a aspectos meramente compensatórios, de caráter residual e efêmero, desmontável ao final do evento.

Vale salientar ainda que a realização de tais obras deve se orientar pelo atendimento às demandas de toda a Região Metropolitana de Natal, contribuindo assim para um nivelamento de oportunidades para o conjunto dos municípios envolvidos, evitando a concentração de investimentos em poucos ou em apenas um município, o que ocasionaria maiores gargalos e maiores disparidades intra-regionais, agravando o quadro atual.

Por estas razões, o Parlamento Comum da Região Metropolitana de Natal, formado pelos 108 Vereadores, vem a público conclamar toda a população da Região Metropolitana de Natal a envidarmos esforços junto aos canais competentes no sentido de assegurar, por ocasião da Copa do Mundo de 2014, uma justa distribuição de oportunidades, contribuindo assim para uma convivência marcada por relações isonômicas e justas entre os municípios envolvidos, base para uma relação calcada na solidariedade entre as pessoas e instituições.

Sem a mobilização da sociedade não teremos outro caminho, a não ser lamentar por aquilo que perdemos.
 

por George Câmara, petroleiro, advogado e vereador em Natal pelo PCdoB (15/04/10) www.georgecamara.com.br