BR-135 é fechada em protesto contra acidentes de trabalho

Trabalhadores da Alumar bloquearam, no início da manhã desta quarta-feira (28), a BR-135, em celebração ao Dia Mundial em Memória às Vítimas de Acidentes de Trabalho. O bloqueio causa um grande engarrafamento no local para quem tenta sair de São Luís.

A Alumar é campeã em número de trabalhadores afetados pelas condições de trabalho. A insegurança tomou conta dos canteiros de obra das fábricas e indústrias do ramo metalúrgico em São Luís. Esse problema, que faz novas vítimas a cada dia, é o retrato do perigo que ronda os ambientes de trabalho – principalmente – das grandes empresas, como Vale e Alumar.

Os acidentes de trabalho, que já eram comuns na Alumar, viraram rotina depois de 2005. Foi esse o ano em que a empresa implantou unilateralmente o turno de trabalho fixo com jornada superior a 44 horas semanais em ambiente insalubre e perigoso, sem folgas e sem receber nada a mais por isso. As condições criadas por este turno, somadas às demissões em massa que a empresa tem realizado, deixam os trabalhadores sobrecarregados com as várias tarefas que têm de desenvolver ao mesmo tempo. Antes do turno fixo, por exemplo, um metalúrgico da linha de produção operava 17 cubas. Agora opera 52.

Não existe tempo para manutenção de equipamentos na Alumar. Trabalhadores e máquinas operam no limite e, rotineiramente, transformadores explodem, sistema elétrico falha, peças e engrenagens rompem e oferecem perigo à vida de milhares de pessoas na Alumar. Em virtude de assaltos e vários roubos que já foram registrados na empresa, a Alumar providenciou cães seguranças que custam financeiramente 3 vezes mais que o valor/hora de trabalho de um metalúrgico, ou seja, os trabalhadores estão expostos a todos os tipos de perigo na empresa.

Nunca houve tanto trabalhador pedindo demissão na empresa. Somente em janeiro saíram da Alumar cerca de 20 trabalhadores entre demitidos e que pediram as contas. Em abril já são quase trinta. Atualmente, o quadro efetivo da Alumar se resume a pouco mais de 1.700 trabalhadores, enquanto o número de terceirizados em condições precárias é maior que 3 mil.

Em termo de saúde ocupacional, a Alumar é campeã de trabalhadores afetados com a jornada desumana que aumenta o tempo de exposição a produtos químicos como: piche, coque, fluoreto, criolita, amônia, soda caústica, entre outros, além da alumina em pó que flutua por várias áreas da empresa. Mesmo sabendo que vários metalúrgicos estão acometidos de doenças degenerativas, a empresa não reconhece nenhum tipo de intoxicação, pelo contrário, quando descobre nos exames periódicos que o empregado está adoecendo, agiliza sua demissão.

William Lopes (foto abaixo de muletas), 34 anos, trabalhou 8 anos na multinacional e recentemente recebeu laudo médico da Faculdade de Medicina da USP, comprovando doença rara adquirida pela exposição durante o tempo na empresa. O Sindmetal tem dado apoio integral a este e outros trabalhadores que estão doentes.

A empresa mantém relação conflituosa com o Sindicato de Trabalhadores. Utiliza de práticas anti-sindicais, assédio moral e nas “negociações salariais” demonstra incapacidade de negociar – buscando sempre a judicialização de direitos como o da reposição salarial anual. Em 2009, a Alumar impetrou dissídio coletivo na Justiça do Trabalho e ao final foi condenada a pagar reajuste aos trabalhadores.

Atualmente existe uma Comissão de empregados negociando a Participação nos Lucros da Alumar. A categoria reivindica 5% de participação de acordo com princípios estabelecidos na Lei 10.101/00, já a Alumar quer repassar valores defasados desde 1997.

A campeã de produção e lucro, a planta mais lucrativa da Alcoa na América Latina, também é dona de histórias tristes na vida das famílias maranhenses. Na madrugada do dia 05 de abril de 2010, por volta das 4h da manhã, mais um trabalhador metalúrgico foi vítima de acidente de trabalho fatal na Alumar.

Jefferson dos Santos Ayres, 48 anos, estava em pleno exercício de sua função quando a cabine que operava cedeu, despencando de uma altura de 40 metros aproximadamente, indo de encontro ao convés de um navio cargueiro. O fato ocorreu no setor de carregamento e descarregamento de bauxita no Porto da Alumar. Esse acidente foi mais uma prova irrefutável da falta de manutenção de equipamentos e da sobrecarga de trabalho na empresa que, ao invés de tentar elucidar as causas, prefere o silêncio e a tentativa de deixar os fatos no esquecimento.

Fonte: Sindmetal-MA