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CPT faz relatório de conflitos e Kátia Abreu leva não de Sarney

O ministro da Justiça, Luiz Paulo Barreto, recebe nesta quinta-feira (29/4) representantes da Comissão Pastoral da Terra (CPT) que vão entregar os relatórios de 25 anos de conflitos no campo no Brasil.Já a senadora Kátia Abreu (DEM-TO), visando angariar apoio à sua campanha de criminalização do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), tentou vestir um boné da Confederação Nacional da Agricultura (CNA) em José Sarney (PMDB-AP), que se recusou a usar o assessório. 

A reunião com o Ministro Luiz Paulo Barreto será às 16h no ministério. A CPT também vai apresentar ao ministro a lista completa dos assassinatos de trabalhadores do campo entre 1985 e 2009, o relatório dos julgamentos desses crimes e os nomes dos agentes da pastoral que sofrem perseguição e ameaças de morte.

Pés pelas mãos

Ao tempo em que entidades da sociedade civil tentam pressionar pelo avanço dos assentamentos e outras medidas de acesso à terra, a senadora e presidente da CNA Kátia Abreu (DEM-TO) enfia os pés pelas mãos em sua tentativa de avançar com uma campanha de criminalização dos movimentos sociais. Nesta quarta-feira (28/4), o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), recusou-se a colocar na cabeça um boné da CNA.

Ele ganhou o assessório da presidente da entidade, que na mesma quarta-feira (28/4) divulgou a campanha “Vamos tirar o Brasil do vermelho – invasão é Crime”. Conhecido pela sua tolerância, Sarney afirmou: “Defendo a não criminalização dos movimentos sociais e desejo a paz no campo”.

Aliança do campo com a cidade

A campanha da senadora Kátia Abreu contra o MST tem rendido boas respostas do movimento, que tem reafirmado sua postura democrática e combativa. Em entrevista à Agência Brasil, um dos principais líderes do movimento, João Pedro Stédile, afirmou que é hora de os sem-terra lutarem por um agricultura mais fraterna e sustentável. Segundo ele, os militantes devem agora buscar diferentes alianças, principalmente com a população da cidade, para alcançar dois novos objetivos: a redução do uso de agrotóxicos nas lavouras e o fim do domínio de empresas multinacionais sobre a agricultura nacional.

“O MST percebeu que não basta você ser contra o latifúndio e a favor da distribuição de terra. Você tem que lutar também pela mudança do modelo agrícola”, defendeu Stédile.

O líder do MST disse que, atualmente, três ou quatro empresas de atuação global dominam o mercado nacional de sementes, insumos e fertilizantes. “Isso subordinou a agricultura brasileira. Elas controlam o mercado mundial, controlam os preços e impõem o que querem à nossa agricultura.”

Ele disse também que poucas companhias incentivam os produtores rurais brasileiros a ser os que mais consomem agrotóxicos no mundo. São 720 milhões de litros por ano. “É impossível que isso tenha futuro. Os venenos destroem a fertilidade do solo, contaminam a água, ou então ficam nos alimentos que vão para o nosso estômago.”

Confira os principais trechos da entrevista concedida por João Pedro Stédile


De São Paulo, Luana Bonone, com informações da Agência Brasil e O Globo