Primeiro navio petroleiro do PAC será inagurado em PE

Na próxima sexta-feira (07), o deputado Luciano Moura (PCdoB)  participará da cerimônia de batismo e lançamento do Navio João Cândido, que contará com a presença do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva. O evento tem início às 10h, no Estaleiro Atlântico Sul.

O navio João Candido

O navio, do tipo Suezmax, é o primeiro do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e marca o nício de uma série de 49 navios que fazem parte do Programa de Modernização e Expansão da Frota da Transpetro (Promef). Também é o primeiro navio petroleiro construído no Brasil em 13 anos.

A última encomenda tinha sido feita há 23 anos. O Navio João Candido foi construído no Estaleiro Atlântico Sul (EAS), a embarcação do modelo Suezmax tem capacidade de transportar 1 milhão de barris de petróleo, destaca o presidente da Transpetro (subsidiária da Petrobras), Sergio Machado. “Este navio marca o momento histórico de retomada da indústria naval no país”, comemora.

Com os 49 petroleiros das duas etapas do Programa de Modernização e Expansão da Frota da Transpetro (Promef), o setor atingirá 65% de nacionalização na primeira fase, e 70% na segunda, diz Machado. Do total previsto para as duas etapas do projeto, 46 navios foram licitados, 38 contratados e quatro ficam prontos este ano.

Confira a entrevista em que Sergio Machado esclarece mais informações:

Qual a importância do Promef para indústria naval brasileira?

– Este lançamento marca o momento histórico de retomada da indústria naval nacional, que volta a ter competitividade mundial. São 23 anos sem construir.

Com isso, a frota envelheceu.

O Brasil não tem opção de ter ou não ter navios, já que 95% do nosso comércio nacional é por transporte marítimo, que custa US$ 16 bilhões por ano. O valor agregado só existe quando o produto chega ao consumidor, e nós entregamos a nossa marinha mercante para outros países. Significa que empregos e renda foram gerados lá fora. O grande desafio foi mudar essa mentalidade de descrença da nossa indústria para evitar a dependência que ainda temos.

Qual a necessidade de novas encomendas?

Para que o setor tenha sustentabilidade e competitividade era preciso que os pedidos fossem constantes e com escala, isso nós fizemos nas duas primeiras fases do Promef. E pretendemos continuar com o lançamento dos Promef 3 e 4 que vão contemplar as embarcações necessárias para exploração de óleo na camada de pré-sal, que deve precisar de muitos mais navios.

Qual a demanda de novos pedidos e como é a frota nacional?

O tamanho das encomendas ainda está em fase de estudo. Hoje, temos uma frota de 52 navios petroleiros nacionais, mas operamos com 180, sendo os demais alugados de outros países. Em 2014, vamos ter 108 navios. Sem o Promef, a frota nacional seria de 20 navios em 2015.

Quais foram os desafios para retomar a indústria naval?

Ninguém acreditava que a indústria naval pudesse voltar. Então, este foi o primeiro grande desafio, mostrar que era possível.

Outro passo foi descobrir quais eram os problemas do setor até os anos 80. Foi feito um estudo que possibilitou descobrirmos que existiam dois gargalos que deixavam o preço dos navios brasileiros até 70% maior que o dos estrangeiros. O primeiro era o custo de pessoal, mas a mão de obra sozinha não era mais cara, a nossa tecnologia é que estava ultrapassada.

O outro problema era o custo do aço, que era até 40% mais caro que o asiático. O preço do aço representa de 20% a 30% do custo do navio, constituindo um grande problema.

Como foram resolvidos esses gargalos?

No caso de pessoal, a solução foi investir em novas tecnologia, novas instalações, porque navios são construídos em qualquer lugar, na beira da praia, mas não se sabe quanto tempo vai demorar e nem quanto vai custar. Nosso objetivo não era só construir navios, mas ter uma indústria com competitividade mundial. No caso do custo do aço, conversamos com as siderúrgicas nacionais para ter o produto com preços similares aos internacionais, ou o setor naval não poderia ser competitivo mundialmente.

No início, fizemos licitações e notamos que a instabilidade do preço do aço deixava os estaleiros inseguros, então, decidimos negociar nós mesmo o valor, para aumentar a garantia. Atualmente, compramos de quem tem o melhor preço, já negociamos com Ucrânia, China, Coreia.

Esperamos que o aço nacional volte a ser competitivo.

Com as encomendas atuais, o Brasil avançou na comparação mundial? – Há sete anos, a carteira de encomendas do Brasil tinha desaparecido mundialmente. Agora, com o Promef, criado em 2004, o país já passou a ter a quarta maior carteira de encomendas de navios petroleiros do mundo, atrás da Coreia, China e Japão.

Nos anos 70, antes da indústria naval perder a força, o país tinha a segunda maior carteira de encomendas, perdendo apenas para o Japão.

Os estaleiros brasileiros já têm tecnologia e preço para serem competitivos internacionalmente? – Cada vez que os estaleirosdobram a produção, o custo para a construção fica até 15% menor.

Então, se compararmos o custo financeiro, já somos competitivos, pois temos o financiamento do Fundo da Marinha Mercante (FMM), que tem juros de 3,5% a 6% em até 20 anos.

Além disso, os estaleiros já têm tecnologia de ponta para construir as embarcações.

Qual o papel da integração marítima para a logística comercial nacional?

A logística tem papel cada vez maior no comércio. Tanto pelo nosso tamanho, quanto para exploração de petróleo que também fica distante no mar. Um país com quase 8 mil quilômetros de costa e 42 mil quilômetros de rios navegáveis não pode se dar ao luxo de não ter uma marinha mercante forte.

Existem outros projetos para fortalecer a marinha mercante nacional?

Nossopapeléestimularacompetitividade nacional, dando a demanda e fazendo com que os estaleiros saiam da zona de conforto.

Estamos fazendo isso também com Promef Hidrovia, com a encomenda de 20 empurradores e 80 barcaças, para a hidrovia do Tietê. Esta é outra área que o país tem aproveitado pouco e precisa crescer, já que o modal rodoviário em um país do tamanho do nosso é antieconômico.

O custo das rodovias chega a ser quatro vezes mais caro do que em hidrovias. Além disso, as embarcações consomem 13% menos combustível do que as carretas, reduzindo a poluição e aumentando a segurança da mercadoria.

Fonte: Jornal do Brasil