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Em cúpula, América Latina pede respeito a imigrantes na Europa

A presidente da Argentina, Cristina Kirchner, demonstrou nesta terça-feira (18) preocupação com o tratamento discriminatório recebido por imigrantes latino-americanos na Europa. A líder falou durante a cerimônia inaugural da VI Cúpula União Europeia-América Latina e Caribe, realizada em Madri.

"Os países europeus mais desenvolvidos colocam o imigrante como um adversário, um inimigo, a quem se deve separar da sociedade, apesar de que todos sabemos que realizam um trabalho que os cidadãos desses países não estão dispostos a desempenhar", afirmou Cristina, representando o bloco latino-americano.

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A imigração se converteu em principal ponto de debate na declaração final da cúpula. O rascunho do documento, obtido pela Associated Press, pede respeito aos direitos humanos dos imigrantes dos dois lados do Atlântico e a perseguição de organizações criminosas dedicadas ao tráfico de pessoas.
 

A América Latina foi uma das vozes mais críticas contra a diretiva europeia de retorno, um texto aprovado em 2008 pelos 27 países da UE, que permite a retenção de imigrantes sem documentos durante 18 meses. "Peço com humildade que se evitem sanções e leis discriminatórias contra a imigração porque, nos momentos de crise econômica, as sociedades tendem a encontrar responsáveis pela crise em diversas comunidades, como (se fossem) os causadores de seus problemas", disse Cristina.

A presidente argentina fez também um pedido para que se aborde o problema do protecionismo em todas as suas formas, tarifárias, com subsídios, promoções fiscais ou promoção de exportações, que criam barreiras nem sempre visíveis.

Cristina também solicitou ao novo primeiro-ministro britânico, David Cameron, a retomada das negociações sobre a soberania das Ilhas Malvinas, território localizado no Atlântico Sul.

"Por favor, retomemos nossas negociações em relação à soberania das Ilhas Malvinas, tal qual impõe a resolução de 1965 das Nações Unidas e que ainda segue descumprida", disse a mandatária.

A imprensa argentina destacou que Cristina foi aplaudida após pronunciar estas palavras, às quais a chefe de Estado acrescentou que a retomada dos diálogos deve ocorrer "em exercício do multilateralismo que tanto necessitamos, na ordem política e econômica mundial".

O conservador David Cameron assumiu o governo na semana passada, após Gordon Brown ter sido derrotado nas eleições locais e não conseguir formar uma coalizão no Parlamento.

Espanha

O primeiro-ministro espanhol, José Luis Rodríguez Zapatero, celebrou os acordos concretos em matéria comercial com Peru e Colômbia no discurso de boas-vindas da cúpula, na qual participam 60 países latino-americanos e europeus. A Espanha ocupa a presidência rotativa da UE.

Zapatero prometeu que manterá relações com a América Latina "no nível de ambição que nos exigem os tempos e que exigem os cidadãos". Ele citou o auxílio ao Haiti após o violento terremoto no país em janeiro como um exemplo da cooperação bem-sucedida entre as nações.

A 6ª Cúpula União Europeia-América Latina e Caribe foi iniciada no último sábado e deve acabar amanhã. A cada dia são realizados fóruns bilaterais, mas hoje a reunião é ampliada e conta com a presença dos chefes de Estado e de Governo europeus e latino-americanos.

O objetivo do encontro é discutir temas mundiais, como a crise econômica, além de buscar acordos de cooperação.

Com agências