Maia critica elogios de Serra a Lula e admite fragilidade do DEM
Um dos oposicionistas mais críticos à gestão petista no Palácio do Planalto, o presidente do Democratas, deputado Rodrigo Maia (RJ), criticou seu candidato à Presidência, José Serra (PSDB), por dizer que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva está “acima do bem e do mal”. “Não achei uma frase boa. Ninguém está acima do bem e do mal, ninguém está acima das leis”, declarou Maia ao UOL Notícias.
Publicado 19/05/2010 12:37
Em entrevista a uma rádio de Recife no fim da semana passada, Serra afirmou que não desejava comparações entre ele e Lula, cuja candidata é a ex-ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff (PT). Em sua pré-campanha, de forma oportunista, o tucano tem evitado ataques diretos ao presidente, que goza de aprovação popular de cerca de 80%, de acordo com pesquisas de opinião pública.
O presidente do Democratas — que na disputa interna do PSDB esteve contra Serra e a favor do ex-governador de Minas Gerais Aécio Neves — agora vê unidade entre DEM, PPS e PSDB. E diz que não se incomoda com pesquisas de intenção de voto que apontam acirramento da disputa entre o tucano e a petista.
Maia diz que Serra não será afetado pelo desgaste do aliado DEM durante o escândalo que levou à queda do governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda, ex-filiado do partido. E critica as siglas que tiveram membros envolvidos em escândalos nos últimos anos e não os expulsaram. “Os [envolvidos em corrupção] dos outros partidos estão neles até hoje”, rebateu.
Apesar da ascensão fenomenal de Dilma nas pesquisas, Maia afirma que “a eleição vai abrir com cinco ou seis pontos [em favor de Serra] e vai ficar por aí”. Ser dar razões para o otimismo, ele considera “imbatível” uma chapa formada por Serra e Aécio. “Não faremos nenhum movimento que atrapalhe essa decisão que nós entendemos ser a melhor para o nosso candidato.”
Um partido em extinção
O DEM — que na reeleição do presidente Fernando Henrique Cardoso, em 1998, somava 105 deputados — derreteu para 84 na votação de 2002. Quando Lula foi reeleito, em 2006, encolheu para 65 parlamentares na Casa. Ao longo do segundo mandato do petista no Palácio do Planalto, diminuiu de tamanho para 56 – muitos deles migraram para siglas da base aliada ao governo, como PR, PTB, PP e PMDB.
Nos cenários estaduais, Maia vê chances claras de vitória no Rio Grande do Norte, com a senadora Rosalba Ciarini, líder nas pesquisas, e também em Sergipe, Santa Catarina e Bahia. O presidente do partido espera eleger entre 65 e 70 deputados e ficar com uma bancada de 12 a 14 parlamentares no Senado. “Minha conta é mais realista e com um pouco de pessimismo, para a gente não sofrer no futuro.”