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PT Nacional ameaça intervir no Maranhão

O Diretório Nacional do PT anunciou que fará uma intervenção no Maranhão para obrigar o partido a apoiar a candidatura à reeleição da governadora Roseana Sarney (PMDB). A decisão foi tomada em virtude das constantes pressões do PMDB – através do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), pai de Roseana – que apoiou o governo do presidente Lula durante os dois mandatos à frente do Governo Federal.

A primeira medida que marca a intervenção deverá ser a suspensão do Encontro Estadual do PT – marcado para sábado e domingo. O Partido dos Trabalhadores alega que a suspensão irá ocorrer em virtude de possíveis confrontos entre alas divergentes do partido.

Durante a última convenção do PT Estadual, realizada nos dias 26 e 27 de março, foi aprovado o apoio à candidatura do deputado federal, Flávio Dino, do PCdoB-MA, para a sucessão do Governo do Maranhão.

Segundo o presidente do Comitê Municipal do PCdoB de São Luis e coordenador da pré-candidatura de Flávio Dino, Márcio Jerry, a expectativa do Comitê Estadual é de que o PT respeite sua própria legalidade interna. “A convenção que decidiu pelo apoio a Flávio Dino teve a participação do presidente Nacional do PT, José Eduardo Dutra, e do secretário Nacional de Organização, Paulo Frateschi, o que demonstra sua legalidade”.

A intenção da ala minoritária do PT, contrária ao apoio ao pré-candidato do PCdoB, é transferir a decisão sobre a chapa do governo do Maranhão para o Diretório Nacional, que deverá deliberar a favor da coligação com Roseana.

O jornal Estado de S. Paulo publicou nesta quarta-feira (19) uma matéria afirmando que, além de necessitar do apoio de José Sarney, Lula quer palanque único para Dilma no Maranhão.

Na mesma matéria, o deputado Domingos Dutra (PT) – que ocupou nesta terça-feira (18) a tribuna da Câmara para protestar contra a suspensão do encontro – contesta a posição do partido em ter apenas um palanque nas eleições. “Ninguém entende por quer Dilma não pode ter dois palanques no Maranhão se essa prática vai ocorrer em nove Estados. Dois palanques são mais votos do que um”.

Democracia interna

O pré-candidato Flávio Dino critica a atitude do PT nacional. “Como o PT vai explicar que uma parceria com tradicionais aliados não vale? Isso provoca perplexidade e indignação”.

Ainda de acordo com Márcio Jerry as divergências quanto ao apoio à candidatura de Dino, estão sendo sustentadas por um grupo minoritário do PT do Maranhão. “O encontro do PT aprovou a aliança PCdoB e PSB que também tem o apoio dos movimentos sociais do Maranhão e de praticamente toda militância “petista” e socialista do estado”.

Dino afirmou ainda que o PT não pode “simplesmente ignorar” a decisão do partido de apoiar sua candidatura. “Isso seria um desrespeito a um aliado, um ato de violência, uma espécie de golpismo”.

Flávio Dino

Em entrevista para o Vermelho o pré-candidato ao governo do Maranhão afirmou ainda que as resoluções do 12º Congresso Nacional do PT dizem claramente que no âmbito estadual, o partido deveria se coligar com o campo Lula. Dino reforça que este não é o caso da coligação com Roseana, que envolve o DEM (que apoia José Serra) e o PV de Marina Silva.

Dino questionou ainda a fundamentação do PT para a chamada intervenção nacional. Segundo ele, a legislação eleitoral (Lei 9.504/97) diz que intervenção só pode ocorrer se o partido (no Estado) descumprir a diretriz do órgão nacional. “O apoio à minha candidatura, e ao PCdoB não descumpre a diretriz nacional. Logo, não há nenhuma possibilidade jurídica que justifique a intervenção”, afirmou o deputado.

O terceiro argumento apresentado pelo pré-candidato foi que, em 2006, o PT do Maranhão apoiou a coligação PCdoB e PSB. Na época, Roseana Sarney também era candidata ao Governo do estado. “Por que é que em 2006 a coligação aconteceu e agora não pode? Parece que há um ato de discriminação contra um candidato do PCdoB”.

Dino encerrou a entrevista afirmando que a expectativa é que o PT nacional respeite a decisão do PT do Maranhão. “Não estamos concorrendo com a Roseana. Nós já ganhamos essa disputa. Queremos apenas que o PT respeite essa decisão”.

Atualizado à 16hs20

Mariana Viel, da Redação