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“Dilma é favorita; páreo é difícil para Serra”, diz Renato Rabelo

O segundo ponto abordado pelo presidente do PCdoB, Renato Rabelo, durante sua intervenção na terceira reunião do Comitê Central do PCdoB neste sábado, 22, foi o cenário da disputa nacional. “Pouco a pouco vai ficando mais claro que Dilma (Rousseff) é a favorita e que o páreo não será fácil para (José) Serra”, constatou.

Renato Rabelo _CC_22052010 - Priscila Lobregatte

Após leitura do anúncio da nova pesquisa Datafolha – que dá 37% para ambos os presidenciáveis, com crescimento de 7% para a petista e queda de 5% para o tucano – Renato Rabelo alertou: “é plenamente possível que haja manipulação científica da pesquisa nesse período pré-eleitoral. Afinal, o instituto chegou a dar 10% de diferença entre os dois candidatos em sua última pesquisa, com vantagem para Serra. Em apenas um mês de diferença, houve toda essa mudança”.

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Para o dirigente, a tendência pró-Dilma é natural. “Conforme a ficha for caindo para o eleitorado e ele for conhecendo melhor quem ela é e o que representa, ela crescerá ainda mais. Serra, por sua vez, alcançou o seu teto”.

Rabelo ainda tratou da tentativa desesperada dos tucanos de se fazerem passar por verdadeiros continuadores da obra iniciada por Lula. “Serra segue acenando para a esquerda e procura se distanciar da herança de FHC, colocando-se como mais competente para seguir o projeto. Mas a questão é que Dilma tem dois trunfos: é a real candidata de Lula e é a mais preparada”.

Além disso, “a presidenciável tem uma base de apoio ampla”, que conta com 11 partidos, dentre eles o PMDB, e cujo núcleo de esquerda é formado por PT, PCdoB, PSB e PDT, “uma frente política de grande expressão e que faz parte dos êxitos alcançados pelo governo, constituindo-se numa força centrípeta”. Soma-se a isso a ampla base social e popular adquirida nos últimos oito anos. Serra, por sua vez, “conta apenas com PSDB, DEM, PPS e PSC”, comparou.

 
Dirigentes acompanham reunião do CC  

No que diz respeito às resistências que ainda cercam Dilma, o dirigente colocou que “o centro dessa atitude está nas camadas médias e médias-altas do Sul e Sudeste devido a seu preconceito contra Lula e contra a política em geral”. Mas, reafirmou que “é preponderante a tendência à continuidade do ciclo aberto por Lula e as forças que o apoiam”.

Na avaliação de Rabelo, o atual momento político caracteriza-se pelo fechamento de alianças estaduais e em alguns casos, Dilma aparece com múltiplos palanques – devido ao prestígio de Lula –, o que pode “levar à dispersão e lutas internas na própria frente. O ideal é aproveitarmos essa fase para construir a unidade”.

Argumentos a favor da unidade em torno da pré-candidata não faltam. “Apesar das tentativas da mídia em desqualificar o PAC e transformá-lo em ficção, a verdade é que ele já tem apresentado resultados concretos pelo país, especialmente no Norte e Nordeste, regiões mais carentes em infraestrutura. Basta viajar pelo Brasil para constatar”.

Ele também chamou atenção para a maior mobilidade social: “hoje, a classe C já é 50% da população, com uma renda média familiar de R$ 1.200,00, valor que, apesar de ainda ser pequeno, já representa uma mudança positiva. Isso aconteceu devido aos mecanismos iniciais de distribuição de renda, tais como o Bolsa Família, o aumento do salário mínimo e a ampliação do acesso ao crédito”.

Por tudo isso, Renato Rabelo anunciou a necessidade de tirar desta reunião do Comitê Central um conjunto de propostas programáticas do PCdoB – feito a partir do Programa Socialista – como contribuição dos comunistas ao programa de governo. “O resultado final serão formulações advindas de um debate amplo que envolveu também outras forças políticas”, afirmou.

De São Paulo,
Priscila Lobregatte