João Ananias – Saúde da mulher

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João Ananinas

Com simplicidade, vista como a capacidade de subtrair o óbvio e agregar apenas o que é significativo, a mulher tem conquistado espaços importantes nas últimas décadas. A luta aumentou. Além da família e casa, está no mercado de trabalho, ocupando diferentes profissões. Está na política, com atuação e participação em projetos e debates importantes para o Brasil avançar cada vez mais na melhoria das condições de vida da população, especialmente dos mais pobres.

Com a amplitude dos papéis, a mulher tem direito a mais atenção à saúde. Pensando assim, os gestores do Sistema Único de Saúde (SUS) elaboram e adotam políticas de atenção à saúde da mulher. As estratégias, ações e metas são definidas a partir do perfil dos indicadores de cada município e Estado, mas um foco é comum: promover e proteger a saúde da mulher para reduzir mortalidade materna e, assim, evitar as duras consequências que a ausência dela traz para a família e para toda a sociedade. Basta refletir um pouco sobre o que acontece na cabeça e na vida de um adolescente, inserido numa realidade de desigualdades sociais, quando perde a mãe.

No nosso Estado, a atenção à saúde da mulher foi reestruturada, com a expansão da rede de assistência, incorporação de tecnologia, equipes do Programa Saúde da Família e dos hospitais mais preparados para o acompanhamento à gestante e a humanização do parto. Tudo planejado para reverter a realidade, lamentavelmente, ainda atual, do elevado índice de mortalidade materna. Noventa mulheres ainda morrem de parto por ano, em média, no Ceará. Na expansão da rede de assistência, salas e centros de partos foram construídas, ampliadas e reformadas nos hospitais de pequeno porte e nos hospitais polo, com recursos do governo do Estado. Para elevar a qualidade da assistência ao pré-natal, o governo estadual está liberando R$ 27 milhões para os municípios que garantem à mulher pelo menos quatro consultas durante o período da gestação.

O aumento do acesso a serviços de qualidade é o objetivo central da política de atenção à saúde da mulher em execução no nosso Estado. Com as 21 policlínicas regionais em construção, ela terá acesso, na própria região onde mora, a exames e serviços, a exemplo da mamografia. Hoje a mamografia ainda não é de fácil acesso para todas as mulheres. Em todas as policlínicas, com sete já em fase de conclusão, haverá mastologia e oferta de mamografia. Na capital, o Instituto de Prevenção do Câncer (IPC), unidade da rede estadual, acaba de inaugurar um novo centro de mamografia, com um mamógrafo de alta tecnologia, e um novo centro cirúrgico, onde são feitas cirurgias de prevenção e controle do câncer, notadamente de mama e de colo de útero. No maior hospital das cidades do interior do Nordeste, em construção no município de Sobral para atender toda a população da região Norte, terá uma unidade exclusiva para atenção à saúde da mulher.

Além das próprias convicções como médico sanitarista, a resposta para o SUS promover com tanto afinco a política de atenção à saúde da mulher encontrei num texto da artista e jornalista Marta Aurélia, no livro Tempo de Nascer, do humanista Manoel Fonsêca. Lá, ela escreve que “a mulher cria e recria no mundo a possibilidade de vida melhor”.

João Ananias é Médico e deputado estadual do PCdoB