África do Sul inaugura a 19ª Copa do Mundo de Futebol

Nesta sexta-feira, às 11h de Brasília, assim que o árbitro uzbeque Ravshan Irmátov trilar o seu apito pela primeira vez no jogo África do Sul versus México, terá início a 19ª Copa do Mundo, sob os olhares de mais 2 bilhões de pessoas em todos os cantos do planeta e de Nelson Mandela, ícone da luta do povo sul-africano contra o criminoso regime racista do apartheid.

Irmátov, nascido na ainda União Soviética, no distante 1977, é o segundo ábritro asiático que dará início a uma Copa do Mundo. Desta vez, a competição é especial, pois é a primeira vez que o continente africano sedia um evento desse porte. A África do Sul abriga em seu território hoje as 32 melhores seleções de futebol do mundo, no único evento esportivo que ultrapassa em atenção e dinheiro os Jogos Olímpicos.

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A Copa do Mundo de Futebol é realizada a cada quatro anos, em sedes alternadas tradicionalmente em países da Europa e da América do Sul. Em 2002, a competição deixou esses continentes e foi parar na Ásia, sendo hospedada por Japão e Coreia do Sul.

O primeiro campeonato aconteceu em 1930. Imitando as olimpíadas, seria realizado de quatro em quatro anos. O Uruguai, país sede, foi o primeiro campeão mundial, vencendo a final contra a Argentina por 4 a 2 no estádio Centenário, construído especialmente para a competição, no ano do centenário de independência do Estado cimarrón.

Foram realizados também os mundiais de 1934 e 1938, com exceção de 1942 e 1946, por causa da Segunda Guerra Mundial. As duas competições foram vencidas pela Itália de Mussolini. Em 1934 a Itália foi sede, enquanto a França hospedou o Mundial de 1938.

O Brasil realiza o Mundial de 1950, ficando em segundo lugar. Hoje, o campeonato reúne 32 seleções, que jogam durante aproximadamente um mês. As seleções são divididas em oito grupos de quatro, sendo que de cada grupo duas passam para a fase posterior. A partir daí, os jogos são eliminatórios. Na gíria do futebol, daí em diante acontece o famoso "mata-mata". A seleção vencedora do Mundial joga normalmente sete partidas em 30 dias.

Cerca de 1,1 bilhão de pessoas assistiram a final do Mundial de 2002, disputado no Japão e Coreia do Sul. Em 1954, o mundo viu pela primeira vez uma Copa do Mundo pela televisão. Hoje é o evento esportivo mais assistido no mundo, ultrapassando ate mesmo os Jogos Olímpicos.

Nesta copa, o numero total de espectadores deve ultrapassar facilmente os 30 bilhões de telespectadores. É óbvio que esse número considera o total somado da audiência de cada partida.

O Brasil venceu o mundial em cinco ocasiões: 1958, 1962, 1970, 1994 e 2002. Ao vencer o mundial de 1970, no México, ficou com a posse definitiva da Taça Jules Rimet. A taça homenageia o presidente da Fifa na década de 1920 e um dos maiores idealizadores do torneio. Em 1974 a FIFA colocou em jogo a taça denominada Copa do Mundo, que é de posse transitória.

A Itália levantou o caneco em quatro ocasiões: 1934, 1938, 1982 e 2006. A Alemanha vem em seguida, com três conquistas, em 1954, 1974 e 1990. A Argentina venceu os mundiais de 1978 e de 1986, no continente americano. O Uruguai ganhou as copas de 1930 e 1950, também na América.

Inglaterra e França são as seleções que tiveram apenas uma conquista, curiosamente em copas disputadas em sua própria casa. O Brasil é o único país que conquistou copas do Mundo em três continentes distintos: Europa, América e Ásia.

Das 18 edições realizadas da Copa, a Europa sediou nada menos que dez Mundiais: 1934, 1938, 1954, 1958, 1966, 1974, 1982, 1990, 1998, 2006. França (1934 e 1998), Itália (1938 e 1990) e Alemanha (1974 e 2006) foram premiadas com a realização de dois torneios no país.

O continente americano sediou os mundiais de 1930, 1950, 1962, 1970, 1978, 1986 e 1994, sendo que o México (1970 e 1986) foi o único que realizou dois campeonatos, com um intervalo de tempo menor que qualquer outro país que tenha sediado dois mundiais.

Japão e Coreia foram as primeiras nações a dividir o evento, realizado pela primeira vez em continente asiático, em 2002. A África do Sul tem a honra de ser o primeiro país da África a acolher o Mundial.

Apenas europeus e sul-americanos foram campeões do mundo, refletindo o poderio que o futebol dos países destes continentes tem sobre o resto do planeta. A América do Sul tem 9 títulos conquistados, empatada com as nove conquistas europeias. No entanto, nenhum europeu venceu Mundiais fora do seu continente.

Brasil, Espanha, Argentina, Inglaterra, Itália e Alemanha são tidos pela mídia esportiva como os países favoritos para conquistar a Copa do Mundo de 2010. França e Holanda correm por fora, como "azarões" de renome internacional.

Prevalecendo a "tradição" de ganhar fora de seu continente, o Brasil é o que tem mais favoritismo, já que os sul-africanos visivelmente torcem para a Seleção Brasileira, transformando a África do Sul em mais um "Estado" brasileiro. Ainda prevalecendo a "tradição", dificilmente um europeu porá as mãos na taça, tão distante de seu continente.

No panteão dos deuses da bola, Ronaldo é o maior artilheiro, com 15 gols em quatro mundiais. Pelé e Garrincha ostentam o símbolo do futebol arte, Maradona leva consigo a "mão de Deus". Beckenbauer, sem a tipóia usada em 1970, levanta a Jules Rimet em 1974, enquanto Ghiggia realizava, em 1950, a proeza de silenciar por completo o maior público de um jogo de futebol no planeta, no recém inaugurado Maracanã.

No atual mundial, o argentino Messi é tido como o grande craque do momento. Ao mesmo tempo que a Seleção Brasileira vê desaparecer os seus grandes craques dá lugar a um jogo mais coletivo, que pode-se dizer menos alegre mas com a envergadura de campeão inconteste do esporte mais popular do planeta.

De São Paulo,
Humberto Alencar