Grevistas continuam ocupação em fórum de SP

Manifestantes continuam a ocupar o saguão do Fórum João Mendes, no centro da capital paulista, em protesto por reposição salarial. A ocupação teve início na noite de quarta-feira (9/6) e não há previsão de término. Ontem, os servidores tentaram negociar a entrada de comida no local, mas não tiveram sucesso. O expediente, que foi encerrado às 17h, continua suspenso nesta sexta-feira (11/6), e somente os grevistas estão dentro do fórum.

A negociação para a entrada de comida foi iniciada pelo deputado federal Ivan Valente (PSOL), em reunião com os juízes auxiliares do Tribunal de Justiça de SP José Maria Camara Junior e João Batista Rebouças. Segundo o deputado, os magistrados disseram concordar em liberar a entrada dos produtos, mas apenas depois que os manifestantes iniciassem um diálogo sobre a desocupação, mostrando que há intenção real de deixar o local. No final, não houve acordo.

O TJ-SP informou que não há uma política para vetar a entrada dos alimentos, mas que o fórum está fechado em razão do manifesto. Por isso, afirma que não está impedindo o acesso à comida e que autorizou a saída a qualquer momento dos que quiserem comer.

"Ontem, propusemos que o tribunal cumprisse a lei e aceitasse que as faltas são greve. Quem estava dentro do fórum aceitou sair se as faltas fossem abonadas. Mas os juízes não aceitaram", contou Yvone Barreiros Moreira, presidente da Associação dos Oficiais de Justiça de São Paulo, uma das entidades envolvidas nas negociações.

Três dos manifestantes alegaram motivos pessoais e deixaram o fórum ainda na tarde de ontem. Na praça João Mendes, cerca de 600 manifestantes ameaçaram bloquear avenidas da região caso não fosse liberada a distribuição dos mantimentos.

Frio e fome

Ronaldo Canali, Ivanir Vargas e Renato de Paula Neves, que deixaram o fórum, relataram ter passado muito frio no saguão e contaram que os banheiros internos estão sem papel higiênico. Os três também disseram que algumas pessoas tiveram tontura por conta da falta de comida e de água. Pela conta deles, ainda são 76 os manifestantes dentro do prédio e, nesse grupo, não se trabalharia com a hipótese de interrupção do protesto.

Segundo Elizabete Borgiani, que integra a comissão de negociação, os manifestantes do lado de fora do prédio tentaram durante a manhã de ontem levar comida aos que estão dentro do fórum, mas a sacola com sanduíches e água foi devolvida. Os grevistas pediram a ajuda da Comissão de Direitos Humanos da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) para entregar a comida.

A OAB, por sua vez, divulgou nota na qual diz lamentar a invasão do fórum. "A OAB-SP lamenta a invasão do prédio do Fórum João Mendes, que só vem a agravar a situação e prejudicar ainda mais o diálogo reaberto na última segunda-feira (7/6) entre o tribunal e entidades representativas dos servidores. Entende que o caminho na busca da solução do impasse passa pela mesa de negociações." O presidente da OAB-SP, Luiz D'Urso, tem uma longa ficha de serviços prestados à direita paulista e nacional, incluindo o encabeçamento do fracassado movimento Cansei.

Os servidores da Justiça estão em greve desde o dia 28 de abril. Eles pedem uma reposição de 20,16%. Já o TJ afirma que desde o início da greve abriu espaço para negociação, recebendo os servidores todas as quartas-feiras. No entanto, as mudanças dependem de projeto de lei, a ser encaminhado pelo Executivo. O que significa que a argumentação da OAB-SP em defesa do governo cai por terra.

Da redação, com UOL