EUA impõem sanções extras ao Irã
O governo do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, anunciou nesta quarta-feira (16) a imposição de uma série de sanções extras ao Irã. As autoridades norte-americanas insistem que a manutenção do programa nuclear iraniano é uma ameaça à comunidade internacional.
Publicado 17/06/2010 10:17
As restrições foram divulgadas no site do Departamento do Tesouro norte-americano. A nova série de sanções amplia as resoluções aprovadas pela Organização das Nações Unidas (ONU), na última quarta-feira (9). Dos 15 países membros do Conselho de Segurança da ONU, 12 aprovaram restrições ao Irã. Apenas Brasil e Turquia votaram contra. O Líbano se absteve.
As novas medidas do governo estadunidense atingem as operações bancárias, a circulação de navios, a atuação de empresas nos setores de petróleo, gás e energia, além de aumentar a fiscalização das atividades da Guarda Revolucionária Iraniana.
Depois de um dia de reuniões em Washington, houve uma análise sobre o quadro político e econômico do Irã e a divulgação de uma relação de nomes de supostos colaboradores.
Pelas medidas, estão vetadas as operações financeiras, via Post Bank. Segundo o relatório, o banco é a principal instituição que serve de elo entre iranianos e estrangeiros. No documento, há referências também às supostas empresas e até navios de fachada. Segundo os norte-americanos, há 22 empresas que utilizam documentação falsa para resistir às sanções e 71 navios em situação semelhante.
Ainda de acordo com as sanções, o acompanhamento das ações da Guarda Revolucionária Iraniana será reforçado. Para os EUA, a guarda “desempenha um papel fundamental no programa de mísseis e apoio ao terrorismo”.
Para os norte-americanos, a manutenção do programa nuclear iraniano põe em risco a segurança internacional por supostamente esconder a produção de armas atômicas. “O Irã deverá escolher entre o caminho oferecido pelo presidente Obama e da comunidade internacional ou permanecer em um curso que leva a mais isolamento”, disse o secretário do Departamento do Tesouro dos EUA, Timothy Geithner.
Geithner reiterou que os norte-americanos vão intensificar os esforços para garantir a aplicação de todas as sanções ao Irã. “Vamos trabalhar para garantir que a sanções internacionais sejam aplicadas”.
Fins medicinais
Apesar da massiva campanha do governo Obama contra o Irã, o presidente Mahmoud Ahmadinejad anunciou ontem a construção de quatro novos reatores nucleares para uso medicinal, e destacou, mais uma vez, que o programa nuclear do país tem fins pacíficos.
Segundo o chefe da agência atômica iraniana, Ali Akbar Salehi, há planos para que um dos novos reatores seja ainda mais potente do que o que opera hoje em Teerã. “O desenho do reator estará completo até o fim do ano, e dois anos serão necessários para construí-lo. O nosso plano é fazer quatro reatores nos quatro cantos do Irã”, afirmou.
Em pronunciamento transmitido ao vivo pela TV estatal, Ahmadinejad disse que em breve anunciará as novas condições para reatar as negociações com o Ocidente. O presidente iraniano alertou, porém, que o destino nuclear não estará em negociação. “Se elas acham que poderão usar bastões para pressionar o Irã, dizemos a vocês que a nação iraniana vai quebrar os seus bastões”, disse.
Acordo de Teerã
Em maio, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com o apoio da Turquia, liderou as negociações de um novo acordo nuclear com o Irã. Pelo acordo, o Irã deveria enviar 1,2 mil quilos de urânio levemente enriquecido (a 3,5%) para a Turquia. Em contrapartida, no período de até um ano, receberia 120 quilos de urânio enriquecido a 20%.
Da Redação, com agências