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Acusações marcam último debate presidencial na Colômbia

O último debate televisado entre os candidatos à presidência da Colômbia antes das eleições de domingo foi marcado por poucas propostas e por duros ataques do candidato independente Antanas Mockus, que concorre pelo Partido Verde, à campanha e à atitude "camaleônica" de seu rival, o favorito Juan Manuel Santos, do Partido da Unidade Nacional (também conhecido como Partido de La U).

Mockus atacou as posições de Santos – que conseguiu uma ampla vantagem no primeiro turno de 30 de maio – ao longo de sua vida como funcionário de vários governos, incluindo sua passagem pelo ministério da Defesa sob a atual administração de Alvaro Uribe.

Mockus colocou-se no papel de "entrevistador", acusando Santos de mudar frequentemente de postura em assuntos como a luta contra as Farc e a política econômica. Para embasar sua acusação de "mudanças de posição", Mockus afirmou que Santos, que atualmente se mostra "duro com a guerrilha", propôs ao ex-presidente Ernesto Samper (1994-1998) a negociação com as Farc.

Na réplica, Santos afirmou que tudo que fez foi para conseguir a paz para o país. "Nunca propus isso", disse Santos, que ressaltou que como, ministro da Defesa (2006-2009) no governo atual do presidente Uribe, combateu as Farc com todos os instrumentos do Estado.

"Não pode ser sugerido que sou amigo das Farc", disse o candidato governista, que à frente da pasta da Defesa coordenou o resgate de 15 reféns em julho de 2008 – entre eles a ex-candidata presidencial Ingrid Betancourt – e o bombardeio que resultou na morte no número 2 da guerrilha, Raúl Reyes, em março do mesmo ano no Equador. Ao comandar a violação o território equatoriano, Santos desencadeou uma rise com o país vizinho que ainda não foi superada.

O candidato Verde também se declarou profundamente indignado por uma suposta campanha de desprestígio por parte do candidato governista. "Dentro da dinâmica das campanhas, apareceu de maneira cínica e descarada a utilização de rumores. Por isso estou atravessado por um sentimento que se chama indignação", enfatizou Mockus ao enumerar as "mentiras" ditas pela equipe de seu rival.

Para Santos, Mockus não quis debater propostas concretas e desviou o debate para assuntos menores, como as acusações à estratégia de campanha do partido do governo. Santos negou que sua campanha tenha lançado rumores falsos para prejudicar Mockus e pediu aos colombianos que, no domingo, "votem como queiram, sem que se sintam constrangidos nem ameaçados por ninguém".

Entre os poucos pontos de concordância do debate, os dois candidatos disseram esperar a ligação telefônica protocolar dos líderes do Equador, Rafael Correa, e Venezuela, Hugo Chávez, em caso de vitória das eleições.

Santos e Mockus reafirmaram, além disso, que desejam melhorar as desgastadas relações com o Equador e Venezuela pela "via diplomática" e esperam dos dois países uma maior colaboração na luta contra o narcotráfico e o terrorismo que afetam a Colômbia.

Para fechar o debate, Santos disse aos cidadãos: "O melhor jogo que podemos disputar (neste domingo) é um jogo pela Colômbia", ao pedir que votem e não se deixem seduzir pelas três partidas da Copa do Mundo que serão disputadas no dia. Além disso, reiterou sua proposta de criar um "governo de união nacional" para possibilitar a criação de mais emprego no país.

Por sua vez, Mockus afirmou que está disposto "a servir à Colômbia" se for eleito, ao destacar sua "vocação pela inovação", sua luta contra o clientelismo e sua defesa ao caráter sagrado da vida humana.

Das eleições de domingo, para as quais Santos parte como favorito pelos 25 pontos de vantagem em relação a Mockus no primeiro turno, em 30 de maio, sairá o sucessor de Uribe, que termina seus oito anos de mandato no próximo dia 7 de agosto.

Com Último Segundo