Engenho da Lage exige seus direitos

O Engenho da Lage é uma comunidade de aproximadamente cinco mil pessoas na BR 060, próximo da divisa do DF com Goiás. Fica poucos quilômetros antes do trecho conhecido como sete curvas na rodovia que liga Brasília a Goiânia. Meio esquecida pelo poder público do DF, os moradores vivem uma série de carências e pouco tem a quem recorrer.

O governo Arruda fechou a sub-administração regional e o prédio está abandonado. O Posto Policial construído com recursos e trabalho da comunidade e que tem até suíte para os PMs está fechado. Uma viatura passa por lá de vez em quando. O transporte coletivo é uma calamidade. Entre 10 da manhã e 16 horas, praticamente não há transporte coletivo, fato que se repete após as 19h. Os trabalhadores que procuram emprego chegam a omitir ou mentir seus endereços sob pena de não serem fichados nas empresas.

Os estudantes também enfrentam as mesmas dificuldades. A localidade tem escola de primeiro grau. Mas a partir daí a educação vira um drama. Faculdade à noite, nem pensar. Apenas as poucas famílias que tem uma condição melhor podem sonhar em ver um filho com curso superior. A ociosidade e a falta de perspectiva conduzem muitos jovens para as drogas. O crack já é um drama a destruir a vida de vários jovens e provocar inúmeras tensões nas famílias.

A obra na BR 060 está paralisada. O entroncamento entre a BR e o Gama é feito em precárias condições levando a frequentes acidentes. Nos turnos escolares da manhã e da tarde, quase duas centenas de alunos atravessam a rodovia. A passarela prometida há anos não sai do papel. Várias crianças, adolescentes, adultos e idosos já perderam a vida nessa perigosa travessia. A comunidade está se organizando para exigir seus direitos.

Apolinário Rebelo, de Brasília