Bruno Padron: Lições do futebol
A Suíça, cujo forte esquema defensivo é conhecido como “ferrolho”, passou 559 minutos sem levar gols em Copas do Mundo. Foi novamente vazada contra o Chile pela 2ª rodada da atual competição. Quebrou o recorde anterior, da Itália, que era de 550 minutos. Durante o jejum de gols sofridos, a Itália marcou 8 gols, a Suíça somente 5, sendo 4 deles na Copa anterior.
Por Bruno Padron
Publicado 24/06/2010 15:52
A derrota para a seleção chilena serve de lição para todos. Boas defesas ajudam, mas por si só não ganham. Tem que saber jogar um pouquinho.
Sabe aquele cara que só se defende? Pra qualquer coisa que aconteça, é o primeiro a dizer: “Não fui eu!”. É muito chato!
Agora, imagine isso em um campo de futebol.
Não precisa imaginar, basta ver a Copa do Mundo 2010, na África do Sul. Quem vê a seleção suíça jogando tem que estar de muito bom humor, sem grandes problemas na vida. Porque é um futebol tão chato, mas tão chato, que ou você dorme, ou pensa em suicídio, tamanha a tristeza que é ver aquilo.
É um time que entra em campo, basicamente, para não levar gols. Se der pra fazer algum, ótimo. Se não, valeu não ter levado.
O que a Suíça pratica é um estilo de futebol que representa o não-futebol. Se o objetivo do jogo é fazer mais gols que o adversário, querer apenas não levar opõe-se ao mais básico fundamento do futebol.
Para além disso, a Suíça é o time mais violento da Copa e com menos conclusões a gol.
Há quem diga que a Suíça não deveria nem estar na Copa. Mas a Copa é como o parlamento, todo mundo tem que estar representado, desde o futebol bonito até essa palhaçada que é o futebol suíço. Nós que torçamos para que caia sempre na primeira fase, para não ter que aguentar essa tortura por mais de 3 jogos.
O Chile passou todo o tempo martelando a zaga suíça. Queria jogar futebol, mas a Suíça não deixava. Para tentar algo mais ofensivo, apostava nos chutões para a frente em busca do único atacante de ofício, que nem suíço é. Gelson Fernandes é de Cabo Verde, e é obrigado a ficar brigando com a zaga adversária na disputa pelo tijolo que está a caminho.
Somente na segunda metade do 2° tempo que o Chile conseguiu, em jogada irregular, vazar o chato ferrolho suíço. Depois disso, o Chile ainda teve algumas chances para aumentar o placar, devido a fraqueza ofensiva do adversário e os espaços abertos atrás pela necessidade do time do queijo com chocolate em empatar o jogo.
No fim das contas, ficou a sensação de justiça. Ganhou o jogo quem quis jogar. Quem não quer, que volte pra casa.