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EUA ocuparão o Afeganistão "por muito tempo", diz analista

Analistas políticos dos Estados Unidos acreditam que a indicação de David Petraeus como novo comandante das forças americanas no Afeganistão sinaliza uma longa presença militar americana no país.

Richard N. Haass, ex-membro da equipe de segurança nacional da administração Bush e ex-chefe de política do Departamento de Estado, acredita que não haverá um aumento do poder do governo afegão em um futuro próximo, fazendo com que "um grande número de efetivos militares americanos continuem lutando no Afeganistão ainda por muito tempo".

Em uma nota publicada pelo Council on Foreign Relations, uma influente ONG política em Washington, Haass afirma que o desejo da administração Obama é o de retirar as tropas americanas em no máximo 12 meses, ao mesmo tempo que aumenta a efetividade das forças do governo afegão, "em termos absolutos e relativos em relação ao Talibã", mas os americanos podem permanecer no país ainda por muitos anos.

Para Haass, isso acontecerá porque o governo do país está "afundado na corrupção" e a resistência Talibã se beneficia da proteção do território paquistanês, fazendo com que a política de permanência tenha um "custo enorme" ao governo americano.

Além disso, os Estados Unidos estão diante de uma crise fiscal enorme, assim como diante de "desafios estratégicos colocados por Irã e Coreia do Norte".

Nesta quinta-feira (24), o chefe do Estado Maior das Forças Armadas dos EUA, Mike Mullen, advertiu que os desafios permanecerão enormes para o chefe do Comando Central, David Petraeus, escolhido por Obama na quarta-feira para substituir o general Stanley McChrystal na função de principal comandante dos EUA e da Otan no Afeganistão.

"A estratégia não mudou, a orientação política não mudou e estamos muito focados no período entre agora e julho de 2011," disse Mullen sobre o cronograma estabelecido por Obama para iniciar uma retirada gradual das forças norte-americanas, se as condições permitirem.

"Não sabemos qual será o ritmo nem o lugar," afirmou Mullen, advertindo porém que "muita coisa pode mudar" até julho de 2011. Mullen disse que Petraeus apoia as diretrizes de Obama no Afeganistão.

O governo afegão lamentou a demissão de Stanley McChrystal, pois acreditava que o general teria conseguido reduzir o assassinato de civis pelos ocupantes.

"Gostaríamos que ele não tivesse saído, mas essa é uma questão interna dos Estados Unidos América," afirmou o general Zaher Azimi, porta-voz do Ministério da Defesa do Afeganistão.

Apesar da presença de cerca de 150 mil ocupantes, o movimento de resistência à ocupação atingiu este ano o ápice de sua luta mostrando-se mais forte desde a invasão do país em outubro de 2001.

"Estratégia é um fracasso"

Junho é o mês com o maior número de mortes entre as forças de ocupação e a morte de quatro homens em um acidente de carro na quarta-feira elevou o total para 79.

Mais de 300 soldados estrangeiros morreram no Afeganistão este ano, na
comparação com os 521 mortos em todo ano passado, de acordo com o site
icasualties.org.

Para um dos setores da resistência, o movimento Talibã, Obama tirou McChrystal do cargo a fim de encontrar um bode expiatório pelos fracassos políticos e econômicos que o país tem vivido.

"A estratégia de Obama é um fracasso, mas ele é ardiloso, lavando suas mãos com McChrystal a fim de manter a própria imagem e a de seu partido nos EUA e no mundo," disse um porta-voz num comunicado.

Segundo o comunicado do grupo, a ocupação do Afeganistão não será resolvida com uma troca de generais, acrescentando que Petraeus não era tão inteligente quanto McChrystal. O Talibã relembra também que o estado de saúde de Petraeus é ruim, notando que ele desmaiou em uma audiência do Congresso na semana passada.

Da redação, com agências