Demissão aponta racha entre governo e militares dos EUA

Na entrevista, o general faz comentários irônicos sobre o vice de Obama, Joe Biden, além declarar que está ‘decepcionado’ com o embaixador dos Estados Unidos no Afeganistão.

No comunicado emitido por Obama, o presidente lamenta as atitudes do general e diz que ‘houve um erro de julgamento’ por parte de McChrystal. Obama nomeou para o lugar de McChrystal o general David Petraeus.

Em seu discurso, que durou apenas oito minutos, ao lado de Petraeus e do chefe do Estado-Maior das Forças Armadas dos EUA, almirante Mike Mullen, Obama disse gostar de debates. No entanto, assegurou que não tolerará "divisões entre a equipe encarregada da guerra".

Enquanto o presidente falava, o general McChrystal emitia seu próprio comunicado no qual anunciava sua demissão. McChrystal tinha sob seu comando no Afeganistão uma tropa com mais de 140 mil soldados, e após a sua destituição, lamentou os fatos ocorridos e enfatizou seu "respeito" pelo presidente estadunidense, alegando também que não tinha a intenção de ofender Obama.

"Apoio firmemente a missão do presidente no Afeganistão e estou profundamente comprometido com nossas forças da coalizão, nossos países-membros e o povo afegão", finalizou.

Biden ou 'bite me'?

O texto da revista, que cita anonimamente vários assessores de McChyrstal, aponta um racha entre os militares dos EUA e os assessores de Obama, num momento delicado para o Pentágono, que enfrenta críticas à sua estratégia na guerra do Afeganistão.

Segundo a reportagem, membros da equipe de McChrystal fazem piada do vice-presidente Joe Biden, que para eles age contra o trabalho efetuado pelo general no país ocupado.

"Biden? Ou você disse 'bite me' ('me morda')?", diz um assessor na matéria. Outro assessor chamou o almirante da reserva Jim Jones, assessor de Segurança Nacional de Obama, de "palhaço" que "parou em 1985".

O próprio McChrystal é citado na reportagem como tendo se sentido "traído" pelo vazamento de uma comunicação sigilosa do embaixador dos EUA no Afeganistão, Karl Eikenberry, no ano passado. No telegrama, o embaixador duvidava que o envio de reforços militares pedido pelo general seria útil, para apoiar um governo afegão sem credibilidade.

McChrystal, de 55 anos, foi nomeado por Obama no ano passado para comandar as tropas dos EUA e da Otan na ocupação do Afeganistão, sucedendo o general David McKiernan, alvo de críticas pela condução da forma como a ocupação combatia a resistência afegã.

Da redação, com agências