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Exames de DNA de herdeiros do Clarín estavam contaminados

O banco de dados genéticos da Argentina confirmou, nesta quarta-feira (30), à justiça que os exames de DNA dos dois filhos adotivos da diretora do grupo de comunicação Clarín estavam contaminados, o que os invalida para determinar se os irmãos foram roubados dos pais desaparecidos na ditadura.

A informação foi confirmada em um comunicado de um promotor do caso, que afirmou que as roupas entregues para análise por Marcela e Felipe Nobre, filhos adotivos da diretora do Clarín,  Ernestina Herrera de Nobre, "não eram adequadas para obter seu perfil genético".

"Os peritos informaram que as roupas continham informação genética de várias pessoas de diferentes sexos", acrescentou o documento que tenta determinar se os irmãos foram roubados de pessoas desaparecidas durante a última ditadura militar argentina (1976-1983).

Nos próximos dias, os peritos responsáveis se pronunciarão diante da justiça para explicar o que pode ter ocorrido para que apareçam "tantos perfis genéticos em roupas íntimas e de vestir, pois não parece possível que se trate de algo casual ou acidental".

As roupas foram recolhidas no dia 28 de maio, quando os irmãos Nobre denunciaram ser vítimas de uma "perseguição" e haver sido submetidos a um procedimento no qual foram obrigados a tirar até as roupas íntimas perante sete pessoas.

Os irmãos, que asseguram que sua adoção foi legal, declararam em abril passado se sentirem "maltratados" e "vítimas" dos "ataques" do governo de Cristina Kirchner contra o jornal Clarín. A extração de amostras genéticas foi ordenada por um tribunal argentino após uma longa batalha judicial prolongada por mais de sete anos.

Adoção

Segundo documentos da adoção, em 13 de maio de 1976, Ernestina se apresentou diante da Justiça em San Isidro, com um bebê a que chamou de Marcela. Disse que a havia encontrado onze dias antes em uma caixa abandonada na porta de sua casa. Ela ofereceu como testemunhas uma vizinha e o caseiro da vizinha, cujos depoimentos foram desmentidos em 2001.

No caso do Felipe, ela declarou que foi entregue, em 7 de julho de 1976, pela suposta mãe, Carmen Luisa Delta, que não podia ficar com o bebê. No mesmo dia, sem dispor de provas determinando as circunstâncias do nascimento, uma juíza concedeu a segunda guarda à Ernestina. A Justiça descobriu, anos depois, que a Delta nunca existiu.

Investigação

Durante a ditadura, muitos filhos de prisioneiros políticos foram sequestrados e entregues clandestinamente a militares ou a simpatizantes do regime. Estima-se que 500 crianças tenham sido separadas dos pais na Argentina naquela época. Se for comprovado que houve sequestro, Ernestina Herrera de Noble pode ser presa.

As buscas pelos filhos desaparecidos já eram realizadas por algumas associações de direitos humanos da Argentina, como por exemplo, as Avós e as Mães da Praça de Maio. Com as Lei de Ponto Final e Obediência Devida, que, em 2005 e 2006, anularam a anistia dos torturadores do regime, a procura por documentos se tornou oficial.

Até agora, foram encontrados 101 filhos sequestrados.

Com agências