Nem a chuva e a Copa tiram baianos da festa do 2 de Julho

Nem a chuva forte que caiu durante toda a manhã desta sexta-feira (2/7) desanimou milhares de baianos que participaram do cortejo em homenagem aos heróis da Independência da Bahia. Este ano, a caminhada foi antecipada por causa do jogo da seleção brasileira, mas nem isso tirou o brilho da festa, que chegou ao Terreiro de Jesus antes do início da partida entre Brasil e Holanda. Puxada pelo governador Jaques Wagner, a caminhada teve a participação de diversas lideranças políticas.

2 de julho 2

A participação popular foi mais uma vez o grande destaque dos festejos. Desde o início da manhã, milhares de pessoas começaram a se juntar à festa ainda na Soledade. A multidão só fez aumentar durante o cortejo, com o ingresso das bandas, fanfarras e grupos musicais e artísticos. Havia muita gente também nas janelas das casas e aglomerada nas calçadas para ver de perto os caros do Caboclo e da Cabocla, símbolos da participação popular nas batalhas pela Independência.

“Participar do 2 de julho é importante para lembrar que o nosso povo lutou pela independência, marcando definitivamente a independência do Brasil. Lembrando que estas conquistas foram de luta e união do povo, com participação dos mais diversos segmentos. Este ano, a chuva e a proximidade do jogo da seleção diminuiu um pouco o número de participantes, mas não tirou o brilho da festa”, declarou o presidente do PCdoB na Bahia, deputado federal Daniel Almeida.

Vários políticos participaram, entre eles destaque para os candidatos ao Governo do Estado. Além do governador Jaques Wagner, que busca a reeleição, o ex-ministro da Integração Nacional Geddel Vieira Lima (PMDB), o deputado federal Luiz Bassuma (PV) e o ex-governador Paulo Souto (DEM) também compareceram ao cortejo, seguidos de candidatos e candidatas à Câmara dos Deputados e à Assembléia Legislativa da Bahia, embora não tenham sido utilizadas peças de campanha pela proibição da legislação que prevê início da propaganda eleitoral no dia 5 de julho, após o registro das candidaturas.

PCdoB

Os militantes comunistas do também marcaram presença na festa. “O PCdoB é integrado à vida política, social e cultural da Bahia. É uma grande festa do povo da Bahia e reforça o sentimento de nacionalismo, de patriotismo e de particularidade e diversidade que tem na nossa gente. É uma comemoração muito importante para todo povo da Bahia, a festa do 2 de julho. É uma festa e uma demonstração de democracia, de participação e de opiniões o que fazemos todos os anos aqui “, lembrou o secretário estadual de Relações Institucionais do PCdoB, Péricles de Souza.

Participar do cortejo é tão importante para o partido, que os militantes decidiram ir ao cortejo mesmo abalados pela morte de Catarina Galindo e Paulo Colombiano, que foram assassinados na última terça-feira. “A melhor forma de homenagearmos Colombiano e Catarina é estando aqui no cortejo do 2 de Julho. No ano passado ele estava aqui na frente da faixa empunhando a nossa bandeira e Catarina ajudando na organização da nossa participação. Mostrar que vamos continuar nas ruas é o nosso jeito de homenageá-los. Além disso, vamos continuar cobrando justiça e lutando para que os culpados sejam identificados e punidos”, afirmou o secretário de Comunicação do PCdoB em Salvador, Emanoel Souza.

A seção Bahia da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) também prestou homenagens aos dois militantes do PCdoB. “Nós fizemos a opção de decretar luto e continuarmos a luta com a qual eles tanto colaboraram. Acho que o movimento sindical tem um papel muito importante para pedir apuração do crime e cobrar das autoridades que este não seja mais um crime que caia no esquecimento e resulte na impunidade dos culpados. Vamos cobrar apuração dos fatos e Justiça“, ressaltou o presidente do CTB Bahia, Adilson Araújo.

Data nacional

O 2 de Julho tem um significado especial para os baianos e para o Brasil. Foi nesta data que em 1823 as tropas brasileiras entraram vitoriosas em Salvador após mais de um ano guerreando contras os portugueses que se recusavam a reconhecer a independência do Brasil em relação à Portugal. Agricultores, escravos e outras pessoas oriundas do povo foram os principais combatentes da Guerra da Independência da Bahia. Dentre os muitos heróis populares, os mais conhecidos são Maria Quitéria, João das Botas e Maria Felipa, que se destacaram nas batalhas.

A data é tão importante que em abril, o governador Jaques Wagner sancionou uma lei instituindo o Hino ao 2 de Julho como o hino oficial da Bahia. “Nós não tínhamos um hino oficial do Estado. Cantávamos o Hino ao Bonfim, que é um hino religioso, que está em nossos corações. A nossa ideia de tornar o Hino ao 2 de Julho como oficial da Bahia é porque acreditamos que não há nada mais forte no coração dos baianos do que a luta de 1823 que nos fez independente”, enfatizou o governador.

As homenagens ao 2 de Julho, são encerradas no final da tarde, no Campo Grande, com o acendimento da pira com o fogo simbólico do 2 de julho, que saiu no dia 30 junho da cidade de Cachoeira, no Recôncavo, e passou por outros diversos municípios até chegar a Salvador.

De Salvador,
Eliane Costa