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Aliança com Roriz no DF suja o discurso "ficha limpa" de Serra

A campanha presidencial de José Serra se iniciou com uma macha indisfarçável. Apesar de ostentar como vice um dos relatores do projeto Ficha Limpa na Câmara Federal, palanques como o Distrito Federal, encabeçado pelo ex-governador e ficha-suja Joaquim Roriz (PSC), inviabilizam o discurso hipócrita dos tucanos em defesa da ética.

Batizada de “Esperança Renovada”, a chapa Roriz-Serra, composta por nove partidos, não é uma coisa nem outra. É a síntese do atraso que ronda o Distrito Federal — onde, aliás, o presidente regional do PSDB, Márcio Machado, é acusado de ser um dos operadores do “mensalão do DEM”.

Segundo ele, o apoio não é defendido apenas pelos dirigentes tucanos locais. Após ameaçar abandonar o barco rorizista durante o fim de semana, o PSDB cedeu. "Houve um pedido da Executiva Nacional, que quer um palanque forte para o Serra aqui no DF", disse Márcio Machado.

Pelo acordo, firmado horas antes do prazo limite da Justiça eleitoral, a chapa terá Roriz como candidato ao governo e Maria de Lourdes Abadia como candidata ao Senado pelo PSDB. A outra vaga ao Senado será disputada pelo deputado federal Alberto Fraga, do DEM. Sobre o apoio a Roriz, Maria de Lourdes Abadia esbanjou sinceridade: “Não restava opção”.

O presidente do DEM-DF, senador Adelmir Santana, deu a mesma justificativa para a aliança com Roriz. "Não tínhamos opção. E o DEM é um partido muito forte para ficar fora das eleições", disse. Até o ano passado, o DEM dava como certa a reeleição do ex-governador José Roberto Arruda. Ele, no entanto, foi acusado de chefiar um esquema de corrupção conhecido como "Mensalão do DEM". O ex-governador chegou a ser preso por obstrução da Justiça, teve o mandato cassado e foi expulso da legenda.

Um currículo para constranger a campanha Serra

Mesmo sem Arruda, os problemas já começam a assombrar a “chapa suja” de Roriz e Serra. A lista completa de todos os candidatos será publicada pelo TRE-DF (Tribunal Regional Eleitoral) na quinta-feira (8). O Ministério Público terá então cinco dias úteis para entrar com a impugnação das chapas atingidas pelo Ficha Limpa, e o procurador regional eleitoral do DF, Renato Brill de Góes, já anunciou que um dos alvos será justamente Roriz.

Joaquim Roriz tem um amplo currículo de irregularidades. Em 2007, foi protocolada uma representação contra o então senador por conta da revelação de conversas na qual ele discutia a partilha de um cheque de R$ 2,2 milhões com o então presidente do BRB, Tarcísio Franklim de Moura. O aliado de Serra renunciou para escapar de um processo de cassação. A Lei do Ficha Limpa torna inelegível por oito anos o político que se valer dessa manobra — mas os advogados de Roriz, como Paulo Fona, tramam uma saída.

Ex-governador do DF, Roriz foi o padrinho político do ex-governador José Roberto Arruda (sem partido), acusado de ser o chefe do mensalão do DEM. Segundo o delator do mensalão do DEM, Durval Barbosa, o esquema de desvio de dinheiro público começou no governo Roriz.

O candidato do PSC-PSDB responde ainda a duas ações de improbidade administrativa. Numa das ações, o Ministério Público do DF quer que Roriz devolva R$ 13 milhões aos cofres públicos e fique inelegível até 2018 por suspeita de superfaturamento na compra de um hospital.

Em maio, Roriz foi condenado a pagar multa por ter usado um helicóptero do governo para ir à sua residência e à sua fazenda mesmo depois de deixar o cargo, no primeiro semestre de 2006. A condenação, contudo, não se enquadra no Ficha Limpa porque não foi uma decisão colegiada (grupo de juízes).

Da Redação, com agências