Sávio Hackradt: “O povo quer mudança”

Nesta segunda, 26, o jornal Potiguar Notícias deu prosseguimento a uma série de entrevistas com os candidatos a cargos majoritários conversando com o candidato ao Senado pela coligação Coragem pra Mudar, Sávio Hackradt (PCdoB). O PCdoB reproduz abaixo os principais trechos,

Sávio Hackradt

Jornal Potiguar:  A primeira pergunta é meio óbvia: como está a campanha?
Sávio Hackradt: A nossa campanha está sendo de pé no chão. Nosso custo é o seguinte: sola de sapato, combustível de carro e saliva. Nossa campanha é de estrutura mínima, de pé no chão. Para se ter uma ideia, semana passada fomos a Caicó e fizemos quatro comícios relâmpagos. O povo foi saindo de casa e fomos bem recebidos. Foi muito agradável. Estamos percorrendo feiras, comércios, conversando com as pessoas. Mais do que falar, estamos procurando ouvir. Existe um provérbio que diz o seguinte: “Ouvir é ouro, falar é prata”. Eu tenho dito que mais importante do que os políticos estarem falando é estarem ouvindo as pessoas. É melhor ouvir do que falar, como falam há décadas no RN. Infelizmente, no novo século, estamos discutindo os mesmos problemas que se arrastam há quase meio século.

Jornal Potiguar: O que está ouvindo dos eleitores? Estão reclamando ou elogiando o quê?
SH: A população elogia muito o presidente Lula. Diz claramente isso: “O Brasil nunca teve um presidente como Lula”. Isso é generalizado, impressionante. Mas quando chega à análise do estado, a crítica também é generalizada. Por exemplo, o que os jovens mais reclamam é da falta de emprego. “A gente estuda, os pais fazem sacrifício para estudar num centro maior e quando voltamos, não temos emprego no interior”. Isso acontece porque o RN nunca planejou suas microrregiões. Se você chega a uma mãe, a primeira coisa que ela reclama é a saúde: porque o médico não foi, porque falta medicamento. A educação é outra lástima. Os jovens e os pais reclamam. Segurança, então, da menor à maior cidade, sobram reclamações. Estamos ouvindo e conversando, dizendo o que podemos fazer, nesse contexto, se chegarmos ao governo. O que podemos fazer agora é nos colocar como candidato de oposição a essa situação desagradável e propor soluções a partir do governo: Carlos Eduardo (PDT) no Governo e eu no Senado. Alguns problemas passam por questões legislativas, que envolvem saúde, segurança. Para isso eu posso, como senador, contribuir, fazer a ponte entre estado e União.

Jornal Potiguar: É possível que Carlos esteja no segundo turno?
SH: O crescimento de Carlos é bastante perceptível. Em Caicó mesmo, não fizemos movimentação, não mandamos carros anunciar. Chegamos e as pessoas foram se aproximando. Em Jardim do Seridó, nas feiras em Natal. As pessoas em Natal agradecem muito a Carlos. “Carlos, você foi um grande prefeito. Provou que pode ser um grande governador”. Carlos não é um cara da demagogia, da palavra fácil. A postura dele não é essa. O que nos impressiona é que o crescimento é uma coisa natural. Não chegamos com cinquenta, cem pessoas, com bandeiras. Não levamos uma bandeira. Estamos conversando, dialogando com a sociedade.

Jornal Potiguar: O senhor não é um nome conhecido, tendo em vista que é um novato. Como o senhor está se apresentado aos eleitores e como está sendo a receptividade? Há uma comparação com os outros nomes?
SH: Como você disse, sou um novato. Essa é a primeira vez que disputo um cargo político. Eu pergunto às pessoas: “Vocês são obrigados a votarem, para Senado, somente em ex-governadores?”. Eles respondem: “De jeito nenhum”. Pergunto: “O que vocês querem?”. O povo responde que quer mudar. Percebo isso. Eu me coloco nessa perspectiva de começar a construir essa mudança real e efetiva. Já se prometeu muita mudança no RN e essa mudança não chega. Eu me proponho a dar o primeiro passo para tentar mudar o RN. No fundo da alma de cada pessoa, todo mundo gosta de mudar para melhor. Todo mundo. A mudança é uma coisa que está dentro da gente. Só se pode votar nos três gigantes? São gigantes de pés de barro. Dizem que é uma luta contra gigantes. Eu digo que o maior exemplo de briga contra gigante é Davi contra Golias. Com uma pedrada, Davi derrubou Golias. Davi mostrou que Golias era um gigante de pé de barro. Bastou uma pedrada. Aqui [no RN] todos também são gigantes de pé de barro. Então, porque não? Por que só eles? Que história é essa que só pode votar neles? Carlos tem, nos comícios, me colocado como o único candidato a senador dele. Estamos pedindo somente um voto.

Jornal Potiguar:  A aliança PDT-PCdoB é benéfica para ambos os partidos?
SH: Essa aliança é benéfica para a política nacional porque está alinhada com o presidente Lula e o projeto de Dilma Rousseff (PT) presidente. A aliança é muito benéfica para o RN porque os viciados da política estão fora. Quem você vê de viciado nesse palanque? Eu não sou um viciado na política porque disputo pela primeira vez. Carlos passou pela prefeitura de Natal e comprovou que é um bom administrador e não tem os vícios da má administração. Você não vê a gente apoiado em grandes estruturas, em prefeitos, nas estruturas políticas da Assembleia, das Câmaras. Estamos procurando apoio onde ele é forte: na sociedade. Eu tenho perguntado se as pessoas dependem de políticos no dia-a-dia. É o político que paga o pão, o leite, a escola do seu filho? As pessoas são livres, independentes dessas estruturas, não dependem da vontade de prefeito, deputado ou vereador para votar. São livres no voto. Estamos apoiados na sociedade.

Jornal Potiguar: Há poucos dias o prefeito Maurício Marques (PDT) anunciou seu voto para Wilma, fechando a chapa com Garibaldi. O senhor fica frustrado? Achava que ele poderia lhe apoiar ou não há nenhuma mágoa ou tristeza?
SH: Recebo essa notícia naturalmente. Não tem mágoa, nem tristeza. Isso é um problema do prefeito. Ele vota em quem ele quiser. Eu não posso obrigar ninguém a votar em mim. Como ele não vai poder obrigar ninguém a votar em Wilma ou Garibaldi. Ou ele é feitor? Ele é dono de Parnamirim? Eu virei aqui [Parnamirim] pedir o voto para mim, independente do prefeito me apoiar. Eu e Carlos. Chegamos a municípios onde o prefeito não apoia Carlos, mas pedimos votos. Democracia é isso. Para mim é normal. Maurício vota em quem ele quiser. Em minha opinião, ele vota no atraso do RN. Eu sou a novidade, o novo. A perspectiva do RN é a minha candidatura e a de Carlos, mas ele escolhe quem ele quiser.

Jornal Potiguar:  O senhor visualiza a eleição de Agnelo Alves (PDT) e George Câmara (PCdoB) para Assembléia? São eleições ditas como certas?
SH: Não existe eleição certa para ninguém. Isso é um fato. Eleição é aquela velha história: só sabemos quando apura o último votinho. O RN está acostumado a ver isso. Agnelo e George são candidatos fortíssimos. Mas, além deles, têm outros candidatos: professor Flaviano, de Apodi; Roberto Germano, ex-prefeito de Caicó – ambos do PCdoB. O PCdoB, aliado com o PDT, tem uma chapa forte para deputado estadual e pode surpreender elegendo de três a quatro deputados. Ninguém se engane. Tem outros nomes: Gutemberg Dias, em Mossoró; Jocsã, em Areia Branca, professora Neide, no Vale do Assu; professora Valda, em Natal. São nomes de peso do PCdoB que vão ter uma boa votação e podem surpreender.


FontePotiguar Notícias