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Adoniran Barbosa: há 100 anos nascia o sambista e poeta do povo

João Rubinato, nascido na cidade de Valinhos (interior de São Paulo) em 6 de agosto de 1910. Descrito dessa maneira, é praticamente impossível saber que o personagem citado acima é Adoniran Barbosa, o sambista que, apesar de não ser paulistano, foi o que melhor retratou a cidade e a eternizou em suas canções.

João Rubinato, nascido na cidade de Valinhos (interior de São Paulo) em 6 de agosto de 1910. Descrito dessa maneira, é praticamente impossível saber que o personagem citado acima é Adoniran Barbosa, o sambista que, apesar de não ser paulistano, foi o que melhor retratou a cidade e a eternizou em suas canções.

Adoniran era conhecido como o poeta das coisas simples, suas composições dedicavam-se, principalmente, ao cotidiano das pessoas humildes. Um dos motivos, segundo os críticos, para as rádios resistirem ao seu trabalho. O sambista insistia em retratar fielmente a realidade e trejeitos dos paulistanos da época, inclusive seus erros de pronúncia e gramática, como na música Tiro ao Álvaro e Samba do Arnesto.

Apesar de ter vencido em 1935 o concurso de Carnaval organizado pela Prefeitura de São Paulo com a marcha Dona Boa, em parceria com o maestro J. Aimberê, Adoniran só começou a ganhar notoriedade como sambista anos mais tarde, quando o grupo Demônios da Garoa, seu maior intérprete, resolveu gravar Saudosa Maloca e Samba do Arnesto.

Para ganhar dinheiro e tentar sair do anonimato, nos anos 1940, Adoniran estreou como radioator em um programa humorístico. Seu auge se deu em 1954, com o crioulo Charutinho, que rendeu ao compositor 14 anos de sucesso no horário nobre das rádios. Mesmo consagrado como radioator, porém, Adoniran não escondia sua verdadeira paixão, a música.

Em 1965, o mundo finalmente conheceu Adoniran. Um de seus maiores sucessos, Trem das Onze, venceu o concurso de Carnaval do Rio de Janeiro, comemorativo ao 40 centenário da cidade. O sucesso da canção que dizia "Moro em Jaçanã. Se eu perder esse trem, que sai agora as onze horas, só amanhã de manhã" foi tão grande, que a música foi gravada em italiano, espanhol e até por um quarteto iugoslavo.

Discos

A carreira de Adoniran deslanchou. Ele trabalhou no cinema ao lado de Mazaroppi, atuou no sucesso da extinta TV Tupi Mulheres de Areia, foi coroado como sambista, mas foi só em 1973, aos 63 anos, que gravou seu primeiro disco, Adoniran Barbosa. Dois anos mais tarde, gravou seu segundo LP, de nome homônimo.

Em 1980, Adoniran convidou artistas como Elis Regina, Djavan, Clara Nunes, Gonzaguinha, entre outros grandes artistas para lançar o LP Adoniran e Convidados. O lançamento deste disco foi festejado nos bairros paulistanos do Brás e do Bexiga, pois comemorava os 70 anos do sambista e seus 40 anos de carreira.

Morte

Em outubro de 1982, o músico foi internado por conta de uma bronquite. Em novembro, voltou ao hospital. Adoniran faleceu em 23 de novembro por conta de um enfisema pulmonar. Quando sua morte completara um ano, todas as rádios da capital paulista tocaram Trem das Onze às 17h, mesmo horário de sua morte.

Fonte: Veja