Para PCdoB, Roriz só será vencido nas ruas

A decisão do Tribunal Regional Eleitoral do Distrito Federal (TRE-DF) de impugnar o registro da candidatura do ex-governador Joaquim Roriz, do PSC, alterou o quadro político em Brasília. “A campanha de Roriz ficou vulnerável, mas é preciso mantermos a campanha do Agnelo (PT) ao governo e dos candidatos comunistas ao parlamento nas ruas para garantirmos a vitória”, alerta o presidente do PCdoB-DF, Augusto Madeira.

A impugnação ainda não é definitiva. Roriz continua em campanha e afirmou: “Já determinei aos meus advogados que recorram, imediatamente, ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), e se necessário, ao Supremo Tribunal Federal (STF)”. Por isso, Madeira considera que “o candidato ficha suja pode ir até o final da campanha e, inclusive, ser substituído somente na véspera do pleito – até mesmo por sua filha Jaqueline, que é candidata a deputada federal e tem o mesmo sobrenome, confundindo o eleitorado.”

Nessa situação, “a orientação é intensificar a nossa campanha e dar a ela um caráter propositivo, não caindo nas provocações de que os apoiadores de Roriz podem se valer, no desespero. O candidato a vice do Agnelo, Fillippeli, do PMDB, afirmou que foi procurado por muitas lideranças que apoiavam Roriz e estão preocupadas com o futuro dessa candidatura. Portanto, o baque foi grande para a chapa do Roriz, que já enfrentava problemas com seu candidato ao Senado, Fraga (DEM), que decidiu que não participa mais de atividades conjuntas com o candidato ao governo”. Roriz é o único palanque do candidato à Presidência da República, José Serra (PMDB), no Distrito Federal

O presidente do PCdoB também saudou o fato de a Lei do Ficha Limpa estar pegando no Brasil e em Brasília: “Antigamente, a Justiça só se manifestava posteriormente. Desde a última eleição, quatro governadores foram cassados. Com a Ficha Limpa, a Justiça já pode atuar preventivamente, como está sendo no caso do Roriz, que renunciou ao mandato de senador para não ser processado”.

O dirigente comunista também está entusiasmado com as campanhas a deputado federal, de Messias de Souza, e dos candidatos à Câmara Distrital pelo PCdoB: “Estão sendo realizadas muitas atividades, reuniões, debates e muitas panfletagens e conversas com a população. Neste sábado, 7, faremos uma grande carreata, com todos os candidatos do Partido, que sairá às 9h30 do estacionamento do Teatro Nacional. São reais nossas chances de retomarmos o mandato parlamentar no Distrito Federal e a militância está engajada na campanha”, festeja.

Ficha Limpa

A Lei da Ficha Limpa resultou de um projeto de iniciativa popular apresentado ao Congresso em setembro do ano passado. A regra barra a candidatura dos políticos com condenação criminais graves ou que renunciaram ao mandato para não serem processados – caso de Joaquim Roriz. O projeto obteve a assinatura de 1,3 milhão de pessoas, e graças à pressão popular, a proposta foi aprovada rapidamente.

Em uma consulta, o TSE afirmou que a lei deve valer para as eleições deste ano. No entanto, ainda não há uma decisão formal e os TREs estão aplicando a regra de forma diferenciada. Somente quando o primeiro recurso chegar ao tribunal superior será possível considerar oficialmente a posição do TSE sobre o caso. Os políticos barrados pela nova lei já anunciam que caso os seus apelos venham a ser negados pela Corte eleitoral, eles vão recorrer ao Supremo Tribunal Federal. Ao STF caberá a decisão final sobre a constitucionalidade da lei vigorar nas eleições de 2010.

Carlos Pompe, de Brasília