Mercadante desmascara política tucana em debate

Com a presença apenas de candidatos com mais de 10% nas intenções de voto, o primeiro debate Folha/UOL de postulantes ao governo de São Paulo viu nesta terça-feira (14/8) a polarização entre Geraldo Alckmin (PSDB) e Aloizio Mercadante (PT). Celso Russomanno (PP) também elevou o tom contra as administrações tucanas.

Debate Folha/Uol SP

As principais críticas que o tucano tentou fazer foram direcionadas ao governo federal e ao PT. Entretanto, Alckmin foi obrigado a admitir que o salário dos policiais “não é o ideal” e afirmou que quer ampliar cortes de impostos que teriam sido feitos durante as gestões do PSDB no estado, que iniciaram em 1994 com Mario Covas. Apenas em seus comentários finais, o candidato se esforçou claramente “para dar uma palavra de apoio” ao presidenciável José Serra, que está atrás da petista Dilma Rousseff nas pesquisas de intenção de voto, e pode perder ainda no primeiro turno segundo pesquisa Ibope divulgada ontem (16/8).

Mercadante criticou Alckmin e Serra por suas gestões nas áreas da educação, transportes e segurança pública. O petista disse que irá dobrar a capacidade da companhia de trens paulista em dois anos, que irá rever os contratos de pedágios no estado e repetiu que, se eleito, deve ser avaliado pelo sucesso ou não dos alunos da rede pública.

Em seu papel de provocador, Russomanno ironizou Alckmin, que não respondeu ao longo de todo o debate. O tucano quase perdeu o rebolado quando Mercadante acusou o governo paulista de maquiar dados de segurança pública.

Alckmin mirou o setor aeroportuário e a legislação tributária para tentar atingir o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, principal cabo eleitoral de Mercadante. Mercadante ironizou Alckmin ao se referir à implosão do principal presídio de São Paulo durante sua gestão, entre 2001 e 2006: “Ele diz que o Carandiru agora está só em filme. Mas esse filme está em cartaz em todo o interior de São Paulo”, disparou. O petista atacou também a “fixação privatista” do PSDB no governo.

Quando Alckmin criticou o Palácio do Planalto por não viabilizar investimentos para o Expresso Aeroporto entre a capital paulista e o aeroporto de Guarulhos, Mercadante subiu o tom: “Ele não assume responsabilidades. Ou vai para as costas do Lula ou é para o setor privado”.

“Propaganda enganosa” do programa Nota Fiscal Paulista, dados “maquiados” de segurança pública e “entrega de ar” no lugar de água da Sabesp estão entre as denúncias que Russomanno fez das gestões psdbistas. Alckmin, entretanto, usou várias respostas ao candidato do PP para rebater argumentos de Mercadante, feitos anteriormente. E se dirigiu aos internautas para evitar o confronto com Russomanno.

Necessário, mas inútil

Em seus comentários finais, Alckmin dedicou quase 30 segundos a "uma palavra de apoio ao Serra". Entremeou elogios ao presidenciável e críticas ao PT. "É muito fácil falar mal. Queremos falar do futuro, de esperança", disse, ao listar “decisões equivocadas” dos petistas desde a redemocratização do Brasil. Antes disso, o tucano raramente citou Serra.

Nem Serra nem Dilma prestigiaram o debate desta terça-feira. O prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, com quem Alckmin se atritou na disputa municipal de 2008, também não veio.

Mercadante, que conta com apoio de Lula e Dilma, disse que falta suporte da imprensa para discutir a disputa pelo governo de São Paulo. Ele afirmou que o PT “é um partido de reta de chegada”, o que deixaria em aberto o enfrentamento com Alckmin em 3 de outubro. “A maioria dos eleitores não sabe em quem vai votar para governador”, disse.

Da redação, com informações Uol Eleições