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Falando em loucura, que tal ouvir Sérgio Sampaio?

Que loucura é uma música que o cantor e compositor capixaba Sérgio Morais Sampaio fez em homenagem ao poeta piauiense Torquato Neto, que cometeu suicídio em novembro de 1972 e, a exemplo de Sampaio, também era considerado um artista maldito.

Por Umberto Martins

Sérgio nasceu em Cachoeiro de Itapemirim (ES), terra de Roberto Carlos, em 13 de abril de 1944. Seu pai, Raul Sampaio, foi maestro da banda da cidade (que o deixou surdo), autor do samba Cala a Boca Zebedeu, e dono de uma tamancaria. Sua mãe, Maria de Lourdes Morais, foi professora.

Que loucura seria um bom título para a vida boêmia de Sampaio, dissipada nas madrugadas, na bebida e no pó. Irreverente e marginalizado, foi censurado pela ditadura e chegou a mendigar para sobreviver nas ruas do Rio de Janeiro. Morreu em 1994, de pancreatite (a mesma causa da morte de seu amigo e parceiro Raul Seixas, cinco anos antes), quando trabalhava no lançamento de um novo disco, depois de 12 anos sem gravar.

Seu talento, amplamente reconhecido no meio artístico, pode ser percebido sem muitas dificuldades nas diferentes canções que compôs, combinando diferentes ritmos e gêneros, incluindo Eu quero é botar meu bloco na rua, a mais famosa, que fez grande sucesso a partir de 1972, quando foi lançada.

Sergio faleceu antes de concretizar o projeto de gravar um novo disco (deixou apenas quatro, três LPs e um CD), mas um ano depois de sua morte, em 1995, artistas famosos, que o reverenciam, gravaram o belo Balaio do Sampaio (CD com músicas de sua autoria interpretadas por Lenine, Luiz Melodia, Zeca Baleiro, Alceu Valente e João Bosco, entre outros cobras da MPB).

Em 2005, Baleiro, que se confessa um discípulo aplicado de Sampaio, lançou o CD Cruel, com obras inéditas que o compositor capixaba tencionava gravar 11 anos antes. Reproduzimos abaixo vídeo e letra da música Que loucura.



Que loucura

Sergio Sampaio

Fui internado ontem
Na cabine cento e três
Do hospício do Engenho de Dentro
Só comigo tinham dez

Estou doente do peito
Eu tô doente do coração
A minha cama já virou leito
Disseram que eu perdi a razão

Tô maluco da idéia
Guiando carro na contramão
Saí do palco e fui pra platéia
Saí da sala e fui pro porão