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Fórum discute preparação do Rio de Janeiro para os Jogos de 2016

Na sexta-feira (3), o ministro do Esporte, Orlando Silva, fez, no Rio de Janeiro, a abertura do Fórum Rio Cidade Sede, promovido pelos jornais O Globo e Extra para discutir os preparativos da cidade e do país para os Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de 2016. Ele disse que a realização dos Jogos no Rio é uma inspiração para um projeto nacional de mudanças no esporte brasileiro e de transformações urbanas na cidade.

“Iniciativas de incremento ao esporte são mais que esperadas nos preparativos para os Jogos de 2016. Estes Jogos não serão o nosso ponto de chegada no desenvolvimento olímpico e paraolímpico do país e sim o ponto de partida de um grande projeto de transformar o Brasil em potência esportiva”, afirmou. O governo federal, os Comitês Olímpico e Paraolímpico e as Confederações vêm pensando em ciclos futuros de desenvolvimento esportivo, de modo a colocar e manter o país entre as potências do esporte mundial”.

Ao lembrar dos legados propostos durante a candidatura do Rio a sede dos Jogos, ele disse que o grande desafio é superar a dicotomia entre escola e esporte, uma vez que “nosso objetivo é instituir o esporte escolar na rede de ensino do Rio de Janeiro”. O ministro se referia ao programa Segundo Tempo, do Ministério do Esporte, que atualmente atende cerca de 1 milhão de crianças e jovens em todo o país e que deverá se alastrar pelas escolas do município do Rio.” Ele também citou a projeção de legado de imagem do Brasil no exterior a partir da vitória na disputa pelos Jogos Olímpicos. “É a grande oportunidade de expor o Brasil que temos, de democracia plena, confiável para investimentos, com sua riqueza, sua indústria, a cultura e o esporte”. “Teremos um fantástico incremento no turismo brasileiro”.

O ministro ainda falou da importância do legado de reforma urbana na cidade do Rio ao citar que a Prefeitura já vem executando a revitalização da região portuária carioca e adotando medidas para melhorar a mobilidade urbana. E citou também o projeto de ampliação do metrô do Rio com a extensão de linhas e construção de novas estações. “O metrô é estratégico”, afirmou. Por fim, o ministro disse que o legado de gestão, sobretudo a gestão pública, é determinante não apenas para a organização do evento mas para a melhoria da administração pública.

O impacto do Rio 2016 no desenvolvimento do esporte brasileiro

Em outro momento do fórum, o diretor de Alto Rendimento do Ministério do Esporte, Marco Aurelio Klein, disse que os Jogos Olímpicos de 2016 serão uma oportunidade única para o país se transformar em potência esportiva. “Os Jogos nos impulsionam a dar um grande salto. Chegamos à primeira divisão do esporte mundial em termos de organização de evento esportivo. O objetivo do governo federal é ajudar o esporte brasileiro a entrar e permanecer nesta elite em termos de desempenho esportivo. Será um desafio de longo prazo”. O Brasil pretende seguir o exemplo da Austrália, que se transformou numa potência esportiva a partir dos Jogos de Sydney, em 2000, e que permaneceu entre os países que mais conquistaram medalhas nos Jogos de Pequim (2008).

Para Klein, vários índices definem um país como potência esportiva. Entre os principais estão a existência de centros nacionais, regionais e municipais de treinamento, o número de medalhas e finalistas olímpicos, a quantidade de títulos mundiais, a ampliação de modalidades disputadas em competições internacionais, a qualificação de treinadores, equipes e árbitros, a profissionalização da administração das atividades esportivas e a massificação da base esportiva.

Klein anunciou que o governo federal está implantando o sistema nacional de alto rendimento, que vai articular e alinhar a atuação dos diversos atores que atuam no cenário esportivo nacional. “Num primeiro nível este sistema será responsável pela formulação conjunta de políticas de esporte de alta performance entre os níveis de governo, o Comitê Olímpico Brasileiro, o Comitê Paraolímpico Brasileiro e as Confederações. Outro passo será a definição das fontes de financiamento, públicas e privadas. E, por último, deverá tratar da execução desta política, que ficará a cargo de estados, municípios e entidades da administração e da prática esportiva.”

Entre as mudanças que esta nova organização vai implantar estão a introdução de câmaras técnicas por esporte, a adoção de planos de metas nos projetos esportivos e contrapartidas em todos os contratos estabelecidos entre a União e seus parceiros e o investimento na recuperação de instalações públicas ou particulares. “O governo federal vai implantar um sistema nacional de análise e avaliação por modalidade, que será fruto do acompanhamento do cotidiano de cada esporte. A União vai assumir de fato o papel de indução ao desenvolvimento esportivo”, explicou Klein.

Rede Nacional de Treinamento

O diretor de Alto Rendimento do Ministério do Esporte também anunciou que o governo federal vem finalizando algumas medidas que vão acelerar o desenvolvimento esportivo do país: a criação da Rede Nacional de Treinamento, da Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem (uma exigência do Comitê Olímpico Internacional) e do Programa Cidade Esportiva e mudanças no programa Bolsa Atleta. “A Rede Nacional vai interligar todas as estruturas de treinamento existentes ou projetadas no país. Vamos aproveitar a capilaridade já existente. São mais de 13 mil clubes sociais espalhados no território nacional que podem contribuir com este processo”.

Klein explicou ainda que a Rede Nacional de Treinamento funcionará como uma pirâmide de alto rendimento que se articulará em quatro níveis: na base, a partir da revelação de talentos em programas de esporte social ou educacional, como o Segundo Tempo; no segundo nível, com a ida destas revelações para centros locais, como clubes; no terceiro nível, os atletas já em formação estarão se especializando em centros regionais de excelência; e, por fim, quando os atletas tiverem atingido o nível de seleção, alcançarão o topo da pirâmide: o ingresso no futuro Centro Federal de Treinamento, no Rio de Janeiro, um dos legados que serão deixados para o país após os Jogos Olímpicos de 2016.

O programa Cidade Esportiva será dedicado à ampliação da participação brasileira em modalidades olímpicas e paraolímpicas. “Queremos estimular a vocação das cidades para aumentar a base esportiva onde já há tradição. Onde não houver, vamos induzir o desenvolvimento de esportes que praticamos pouco ou inexistem”, explicou Klein. Já o programa Bolsa Atleta, que existe desde 2005 e atualmente beneficia 2.954 esportistas de alto rendimento, será incrementado. Entre as medidas, destacam-se o reajuste geral dos valores de todas as categorias, com correção anual, a permissão para que os beneficiados pelo programa também possam ter patrocínios, e a criação de duas novas categorias: Atleta de Base, entre 12 e 19 anos, e a categoria Atleta Pódio, que reunirá atletas que estiverem entre os 20 melhores colocados do ranking internacional de suas modalidades esportivas. “Estes atletas que já estão bem perto de conquistar medalhas receberão um incentivo diferenciado com as mudanças no programa”, finalizou Klein.

Outros temas em discussão

O fórum também contou com a participação do prefeito do Rio, Eduardo Paes; da secretária de Turismo, Esporte e Lazer do Estado, Márcia Lins; do presidente do Comitê Rio 2016, Carlos Arthur Nuzman; do diretor geral do Rio 2016, Leonardo Gryner; do superintendente de Esporte do Comitê Olímpico Brasileiro, Marcus Vinicius Freire; e da diretora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UFRJ, Denise Pinheiro Machado.

Um dos painéis discutiu os impactos dos Jogos de 2016 no Rio e no Brasil. Sérgio Murashima, da Fundação Instituto de Administração, consultor do Ministério do Esporte, apresentou dados de estudo feito pela Fundação, a pedido do ministério, sobre os impactos socioeconômicos do evento (neste link: http://www.esporte.gov.br/ascom/noticiaDetalhe.jsp?idnoticia=5755). Entre os benefícios estão a criação de empregos diretos e indiretos e a movimentação na economia – do país, do estado e do município. Esse tema contou também com a participação do professor da Unicamp Marcelo Proni.

Sueli Scutti e Cyro Viegas
Ministério do Esporte no Rio 2016