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Saúde e educação, temas do PSDB, sofrem problemas crônicos em SP

Duas reportagens divulgadas nesta semana pela Folha de S. Paulo mostram que na saúde e na educação o governo tucano paulista não tem nada de positivo a mostrar. Nas escolas, a quantidade de professores temporários supera a de efetivos e causa diversos problemas para as escolas e os estudantes. Na saúde, faltam materiais básicos até em unidades de referência.

Serra e Alckmin

O descalabro da gestão tucana, que a quase 20 anos governa o Estado, é confirmado por especialistas ouvidos pelo jornal. Apesar das provas cabais de que as coisas não vão bem nestas duas áreas, as propagandas do PSDB paulista no horário eleitoral gratuito mostram uma realidade maquiada, como se os serviços de saúde e educação oferecidos pelo governo estadual à população estivessem próximos da perfeição.

Saúde: faltam até materiais básicos

Após a publicação da reportagem, o Conselho Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp) anunciou no começo da tarde desta quarta-feira (15) que irá abrir uma sindicância para apurar em que condições trabalham os médicos da Maternidade Estadual Leonor Mendes de Barros, na zona leste de São Paulo, uma das unidades de referência onde foram constatados graves problemas.

Como revelou a reportagem da Folha, documentos internos assinados por médicos e gestores do hospital mostram que, apesar dos prêmios de gestão e do rótulo de unidade referência no atendimento de partos de alta e média complexidade, os profissionais que atendem as gestantes pelo Sistema Único de Saúde (SUS) sofrem com a falta de infraestrutura, superlotação e são obrigados a improvisar procedimentos para evitar a morte de pacientes – nem sempre com sucesso.

Os fatos nos quais se baseiam a reportagem estão descritos no livro de registro de ocorrências utilizado pelos médicos que atuam no serviço de urgência da unidade, localizada na avenida Celso Garcia, 2.477, no bairro do Belém.

Uma das críticas mais recorrentes no livro de registros é sobre a falta de uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) para as mães, item apontado pelos médicos como crucial em uma maternidade que atende especificamente casos já complexos, em que a incidência de quadros como hipertensão e crise hemorrágica tende a ser maior.

“É desumana a situação que a direção do hospital nos deixa diariamente nesta maternidade dita de ‘alto risco’. Não vou repetir o que dizem e escrevem neste livro nos últimos 19 anos que convivo e trabalho neste C.O. (Centro Obstétrico) sem UTI e clínico intensivista”, escreveu um médico nas páginas 50 e 51 do livro no domingo de 30 de agosto de 2009, referindo-se a uma paciente cujo atendimento foi prejudicado pela falta de materiais como cateter central e lâmina de ventilação.

Educação sofre com falta de contratações

Já na área de educação, um dos problemas graves é o número de professores temporários. Na rede estadual de São Paulo chegou neste ano a 46% do total, a maior proporção desde 2005.

No ano passado, o então governo de José Serra (PSDB), hoje candidato à Presidência, anunciou como meta diminuir a taxa para 10% em quatro anos. Àquela época, o número era 42,4%.

Os dados são da própria Secretaria da Educação. Em números absolutos, são hoje 101 mil não efetivos.

Pesquisadores afirmam que o contingente de temporários tem impacto direto na qualidade de ensino, uma vez que eles tendem a ter uma rotatividade maior nos colégios -os temporários só podem escolher suas escolas depois que todos os concursados já fizeram suas opções.

Os 46% de não efetivos em SP são mais que o dobro da média nacional e superior à Prefeitura de SP (7%).

Educadores ouvidos pela Folha afirmam que o Estado já poderia ter diminuído o contingente de temporários. "Com um mínimo de planejamento, você sabe quantos professores vão se aposentar ou sair da rede e pode planejar concursos", diz Ocimar Alavarse, pesquisador da Faculdade de Educação da USP e ex-membro da Secretaria da Educação na gestão Gilberto Kassab (DEM) na prefeitura da capital.

Para Alavarse, há a possibilidade de o Estado não acelerar os concursos porque conta com a continuidade da transferência de parte da rede a municípios. “Mas o processo é lento e não há garantias de que vá se efetivar.”

Para o presidente da Udemo (entidade que representa os diretores de escolas), Luiz Gonzaga Pinto, “o Estado só quer saber de economizar”. Segundo ele, o temporário custa 15% a menos, por não ter alguns benefícios.

Para a doutora em educação pela Universidade Harvard (EUA), Paula Louzano, não há estabilidade para as escolas. "É como se, todo ano, a escola tivesse de planejar de novo o trabalho. O problema é que, atualmente, nem o concurso público é garantia de melhoria na rede. Como a atratividade para a carreira é baixa, a maioria das pessoas que procuram o magistério não têm um bom preparo".

Os professores temporários também sofrem com o problema. "A dificuldade quando se troca de escola é que os alunos não conhecem meu jeito e ritmo e eu também não conheço o deles. Essa fase leva tempo", diz o professor temporário de ciências Vinicius Vasconsellos, 24, que, em seis anos de rede estadual, já lecionou em nove escolas.

“Se a criança não conhece o professor, ela não confia. Se não confia, não aprende”, diz a professora Rosângela de Santana, 52, que leciona neste ano pela primeira vez na escola estadual Shinquichi Agari (zona leste de SP), após ficar quatro anos anos em outra unidade da rede. Santana dá aulas para alunos do 1º ao 5º ano do ensino fundamental, categoria que não contrata por concurso público desde 2005.

Com informações da Folha de S. Paulo