Justiça tira polícia de SP de apuração sobre quebra de sigilos

Em decisão de 45 linhas o juiz José Carlos Camargo, da 1.ª Vara Criminal de Santo André, barrou investida da Delegacia Seccional de Santo André e ordenou remessa à Justiça Federal do inquérito que fora aberto por ordem do Palácio dos Bandeirantes. O magistrado alegou "incompetência absoluta" da Justiça estadual

A medida frustra a expectativa do PSDB de que as apurações da Polícia Civil de São Paulo, sob condução tucana há 16 anos, levassem à "demonstração da ligação das violações a filiados do PT" antes das eleições de outubro.

Os tucanos duvidam que o inquérito conduzido pela Polícia Federal sobre as quebras ilegais de pessoas ligadas a Serra seja concluído antes do primeiro turno. A Polícia Civil havia pedido na quinta a quebra do sigilo telefônico de dois suspeitos, o contador Antônio Carlos Atella Ferreira e o office-boy Ademir Estevam Cabral.

Ao analisar esse requerimento, o juiz da 1ª Vara Criminal de Santo André, José Carlos Camargo, considerou que a falsificação e o uso das procurações em nome de Veronica são crimes que atingiram "serviços e interesses da União (Receita)", e por isso deve ir para a Justiça Federal.

O juiz então determinou a remessa do inquérito da Polícia Civil e o pedido de quebra de sigilo telefônicos para o Judiciário Federal. Segundo o advogado de Veronica, Sérgio Rosenthal, a medida fará com que o inquérito seja repassado à Polícia Federal.

O delegado Marcos Carneiro Lima, chefe do Departamento de Polícia Judiciária da Macro SP não comentou a decisão, mas ressaltou que a investigação da Polícia Civil tinha o objetivo de apurar a eventual atuação de quadrilha de falsificadores também em órgãos estaduais. Difícil de acreditar.

O Ministério Público ainda pode recorrer contra a medida.

Da redação, com informações Folha de S.Paulo