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Celso Amorim defende diálogo com Irã e reforma na ONU

O chanceler brasileiro Celso Amorim abriu nesta quinta-feira (23) os discursos do Debate Geral da 65ª Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) pedindo diálogo e entendimento em relação ao Irã e uma reforma no Conselho de Segurança da ONU.

Em seu discurso aos chefes de Governo e Estado reunidos em Nova York, na sede da entidade, o ministro de Relações Exteriores do Brasil afirmou que "o mundo não pode se permitir o risco de um novo conflito como o do Iraque", ao lembrar a pressão exercida pelas potências ocidentais contra o programa de energia nuclear iraniano.

"Temos insistido junto ao governo do Irã que mantenha uma atitude flexível e de abertura às negociações. Mas é preciso que todos os envolvidos revelem essa disposição", afirmou.

Amorim disse que o Brasil tem se empenhado em negociar uma solução pacífica para a pressão contra o Irã. O ministrou citou que a Declaração de Teerã — de 17 de maio e assinada por Brasil, Turquia e Irã — removeu obstáculos que, segundo os próprios autores daquelas propostas, impediam que se chegasse a um acordo.

"A Declaração de Teerã não esgota a matéria. Nem foi essa a intenção. Estamos convictos de que, uma vez de volta à mesa de negociações, as partes encontrarão formas de resolver outras questões, como o enriquecimento a 20% e o estoque de urânio enriquecido acumulado desde outubro de 2009", disse. "A despeito das sanções, ainda temos esperança de que a lógica do diálogo e do entendimento prevaleça", acrescentou.

Eliminação das armas nucleares

Amorim defendeu a eliminação total das armas nucleares e que a ONU deve ser o principal centro de decisões para a política internacional. De acordo com ele, porém, o Conselho de Segurança deve ser reformado, "de modo a incluir maior participação dos países em desenvolvimento, inclusive entre seus membros permanentes".

O Brasil atualmente ocupa um assento temporário no conselho, mas pleiteia a condição de membro permanente — situação que é ocupada apenas por cinco nações (Estados Unidos, Rússia, Reino Unido, China e França), desde a criação da ONU, em 1945.

O chanceler disse que o país segue "com atenção" o andamento dos diálogos de paz no Oriente Médio, defendeu a criação de um Estado palestino, a partir do congelamento dos assentamentos israelenses em territórios ocupados e o fim do bloqueio à Faixa de Gaza e dos ataques aos civis.

Em seu discurso, Amorim fez um balanço da atuação brasileira na América do Sul, citando o fortalecimento da parceria estratégica com a Argentina, o aprofundamento do Mercosul, a fundação da União das Nações Sul-Americanas (Unasul) e da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos.

Ele também falou do repúdio ao bloqueio econômico imposto pelos Estados Unidos contra Cuba desde a década de 1960 e ao golpe de Estado de Honduras, que depôs o então presidente Manuel Zelaya no ano passado. Outro tema que esteve presente no discurso do ministro foi a presença brasileira na África.

O ministro comentou ainda o aumento da importância do G20 (grupo dos países mais desenvolvidos e das principais nações em desenvolvimento) e os trabalhos da Rodada Doha, prejudicados por "subsídios distorcivos e barreiras protecionistas".

Outro assunto foi a solidariedade internacional "tão necessária" no Haiti, após o terremoto que devastou o país em janeiro, matando mais de 220 mil pessoas, e o desafio de alcançar um "acordo global, abrangente e ambicioso sobre mudança do clima".

Metas do Milênio

Celso Amorim afirmou que o Brasil deve conseguir cumprir todas as Metas de Desenvolvimento do Milênio (MDMs) até 2015 e que até agora tem conseguido honrar os objetivos nesse sentido. Ao todo, foram estabelecidas, em 2000, oito metas subdivididas em vários objetivos como combate à pobreza e sustentabilidade do meio ambiente. "A incapacidade de um país de alcançar essas metas deve ser encarada como um fracasso de toda a comunidade internacional", afirmou.

Ele ressaltou que, durante o governo de Luiz Inácio Lula da Silva, 20 milhões de brasileiros saíram da pobreza e "outros tantos da pobreza extrema". "Ao longo dos dois mandatos do presidente Lula, o Brasil mudou. Crescimento econômico sustentado, estabilidade financeira, inclusão social e a plena vigência da democracia conviveram e se reforçaram mutuamente", disse Amorim, que lembrou logo no início do discurso que "dentro de poucos dias, mais de 130 milhões de brasileiros comparecerão às urnas e escreverão mais um importante capítulo da nossa democracia".

Da redação, com agências