Homofobia já causou a morte de 14 homossexuais na Bahia em 2010

A intolerância continua fazendo vítimas. Segundo dados do Grupo Gay da Bahia (GGB), até agosto, 14 homossexuais foram assassinados no estado, que é campeão em morte de homossexuais por causas violentas. No ano passado, foram 25 casos. Mas, este número pode ser muito maior, uma vez que nem sempre a família informa à polícia a opção sexual da vítima.

O GGB aponta como motivo principal para os crimes a homofobia – ódio, aversão ou discriminação contra homossexuais, que pode incluir formas sutis, silenciosas e insidiosas de preconceito e discriminação. De acordo com o vice-presidente e coordenador político do GGB, Marcelo Cerqueira, embora a postura das polícias Civil e Militar “tenha mudado sensivelmente” nos últimos anos, ainda está longe o dia em que a maior parte dos casos de crimes homofóbicos será elucidada.

Cerqueira considera que a dificuldade em solucionar os crimes está intimamente ligada à questão da clandestinidade. "É a homofobia, seja ela interna, quando parte dos próprios homossexuais, ou externa, da sociedade, que empurra a homossexualidade para uma situação cada vez mais clandestina. Os crimes acontecem, assim, escondidos. O acesso do criminoso à residência da vítima, o contato prévio dos dois, tudo é cercado de segredo. Há casos até em que a pessoa faz com que o parceiro passe escondido das câmeras de segurança do prédio, para evitar se sentir constrangido", conta.

Para Joselito Bispo, delegado chefe da Polícia Civil, nas investigações a polícia tenta estabelecer um rol de suspeitos com os quais a vítima se relacionava, mas nem sempre a tarefa é fácil: “Algumas delas têm um cabedal de relações muito grande, com mais de 300 pessoas. Como é um crime que geralmente acontece entre quatro paredes, temos dificuldades e precisamos ter cuidado para não cometer injustiças”. Bispo considera que, diante de muitas mudanças de parceiros das vítimas, as pessoas deixam de notar quando alguém diferente chega às residências.

Em casos em que a pessoa tem a homossexualidade mais explicita, como os travestis, os crimes passam a acontecer nas ruas, onde também há dificuldade de a polícia punir os autores. "O grande problema dessa dificuldade em solucionar os casos é que ela cria impunidade", reclama o vice-presidente do GGB.

Infelizmente a morte violenta de homossexuais não acontece apenas na Bahia. O Brasil é o líder do ranking mundial deste tipo de crime, foram 199 assassinatos em 2009 e 138 até agosto deste ano.

De Salvador,
Eliane Costa, com agências