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Luta contra o colonialismo: Porto Rico não está só

Com um chamento ao amor, à paz e à justiça, teve lugar em Havana, Cuba, a conferência Porto Rico: colonialismo do Século 21, feita por . Alejandro Torres Rivera, como parte das atividades organizadas pela Base da Paz da Embaixada da República Bolivariana da Venezuela em Cuba, dentro da Jornada de Solidariedade que está sendo realizada no país a favor da causa independentista do povo portorriquenho.

Por Yeni Ortega

Torres Rivera, membro da direção do Movimento Independentista Nacional Hostosiano de Porto Rico, falou sobre a urgência que hoje o povo portorriquenho atribui à conquista da autodeterminação e da independência, objetivos que têm marcado sua luta ao longo da história.

Ele destacou que praticamente desde os primeiros vislumbres de sentimento independentista até a atualidade, “não houve uma só época, um só processo político, uma só conjuntura de combate, um só ato de rebeldia, resistência ou militância, em que o reclamo de independência de nosso povo tenha estado ausente”.

Por mais de um século, explicou, a determinação de que é no Congresso dos Estados Unidos e não em outra instância de seu governo onde reside o poder político para determinar os direitos dos portorriquenhos e sua sua condição política, tornou infrutíferos os esforços para o resgate da personalidade jurídica desse país como povo e para o reconhecimento do exercício correspondente à livre determinação.

“Não pode haver soberania, quando, como ocorreu em Porto Rico, a Constituição de um país é determinada por outra parte que não seja o próprio povo portorriquenho; quando um outro Estado se reserva, em detrimento do povo do território, alegados “poderes plenos”; quando no exercício de tais poderes plenos impõe a seu talante modificações à Constituição votada pelo povo do território; e onde esse poder externo condiciona que qualquer mudança ou emenda à referida Constituição não possa modificar, afetar, ou deixar sem efeito a relação colonial previamente estabelecida por leis aprovadas pelo Congresso dos Estados Unidos”, disse Rivera
.
A esse respeito, o conferencista explicou que o país tem vivido permanentemente sob a ingerência dos Estados Unidos e que as iniciativas desenvolvidas desde a criação do Estado Livre Associado (ELA) não têm tido possibilidades reais de desenvolvimento ao chocar com o muro do Congresso estadunidense.

Torres Rivera, que também é professor do Instituto de Relações do Trabalho da Universidade de Porto Rico, expressou a opinião de que apesar de todos os problemas, a proposta do Movimento Independentista –burilada pela Ordem dos Advogados – consistente na auto convocação de uma Assembleia Constituinte de Status, tem ganhado terreno no plano nacional.

Ele explicou que “seus representantes eleitos do seio da Assembleia serão eventualmente os responsáveis por negociar com os Estados Unidos a fórmula justa que leve ao exercício pleno da livre determinação do povo portorriquenho e, sobre a base dos acordos discutidos e alcançados com os Estados Unidos, submeter os mesmos à aprovação ou rechaço do povo portorriquenho”.

A partir de então, argumenta, poderá viabilizar-se a convocação daquela Assembleia Constituinte, livre de qualquer ingerência estrangeira, soberana no exercício dos direitos políticos do povo de Porto Rico, que leve à constituição de um novo Estado político soberano.
Torres Rivera destacou que ao contrário do que se tentou fazer crer à comunidade internacional “a relação colonial de Porto Rico com os Estados Unidos é a “Pedra de Sísifo” que hoje nos atrofia e coíbe em um plano de total e absoluta dependência”

Ele argumentou que o país possui uma economia mergulhada em uma crise de desemprego que gira em torno de mais 16%; 31% da população depende de ajudas econômicas para alimentar-se; 52% da população vive abaixo dos índices de pobreza; com uma taxa de participação da força de trabalho de apenas 47%; uma dívida pública calculada para este ano de 2010 em 60 bilhões e 393 milhões de dólares, enquanto empresas multinacionaies levam do país mais de 35 bilhões e 400 milhões de dólares em lucros líquidos anuais.

A isso se somam desastrosos índices de evasão escolar, narcotráfico, criminalidade, doenças mentais, alcoolismo e violência que fazem do país una “colônia em franco descalabro”.

Rivera também, alertou sobre as vantagens do colonialismo para os EE.UU quanto a seus interesses de dominação em escala regional, dado que em Porto Rico, a presença militar estadunidense ainda é grande e conta com facilidades localizadas em várias regiões do país.

Como exemplo das verdadeiras intenções do império, o conferencista falou sobre as explicações dos Estados Unidos, dos governos colombiano e panamenho sobre os problemas que o narcotráfico gera nesses países, e indicou que “não passam de um subterfúgio para justificar o desenvolvimento de uma nova arquitetura militar” regional a partir da qual manter sua hegemonia imperialista sobre os povos da América Latina, particularmente aqueles localizados na região do Caribe e América Central, dada a importância que o Canal do Panamá ainda continua mantendo para a segurança econômica dos Estados Unidos e o avanço dos processos de integração na América Latina, incluindo a Alba”.

Rivera também agradeceu o apoio e a solidariedade dos povos irmãos com a causa portorriquenha em seu caminho para a liberdade, com a certeza de que “Porto Rico não está só, que é possível voar outra vez com o nosso esforço e a solidariedade de nossos irmãos e irmãs latino-americanos”.

Bases da Paz, pela justiça e fraternidade entre os povos

Nesse cenário, o embaixador da Venezuela em Cuba, Ronald Blanco, destacou que em um mundo convulsionado, agora com a ameaça de uma guerra nuclear -como vem alertando Fidel Castro- as Bases da Paz são um lugar de encontro, de construção de espaços para defender nossas pátrias com o objetivo de que os povos convivam em paz.

O embaixador venezuelano destacou que com esse objetivo, a Base da Paz em território cubano, criada por iniciativa do presidente Hugo Rafael Chávez Frias há exatamente um ano, tem desenvolvido várias iniciativas como caravanas pela paz, conferências, apresentação de documentários, atividades pela libertação dos Cinco Heróis cubanos presos em cárceres estadunidenses, a realidade do Irã, da Coreia, da Palestina, assim como para criar consciência sobre os efeitos do bloqueio contra Cuba. Além disso, ele confirmou o apoio da Alternativa Bolivariana para as Américas (Alba) à luta que o povo de Porto Rico leva a cabo para alcançar a soberania nacional.

Nesse encontro de solidariedade também estiveram presentes Edwin González, delegado da Missão de Porto Rico em Cuba, José Rivera, do Movimento de Solidariedade a Cuba nessa nação caribenha e Lourdes Cervantes, chefe do Departamento Político da Organização de Solidariedade dos Povlos da África, Ásia e América Latina (OSPAAAL), que leu um comunicado de apoio dessa organização à luta do povo portorriquenho e em homenagem a incansáveis lutadores como Lolita Lebrón e Juan Mari Bras, cujo legado permanece na luta dos povos.

Cubadebate
Tradução da Redação do Vermelho