Sem nova proposta greve dos bancários continua

Pelo menos 3.864 agências fechadas em todo o país. Este foi o saldo do primeiro dia da greve nacional dos bancários que continua nesta quinta-feira (30/9). O movimento começou com força, atingindo os 26 estados e o Distrito Federal, e deve ser ampliado nos próximos dias, uma vez que não há nenhuma perspectiva de negociação com a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) ou com os representantes dos bancos públicos.

Em campanha salarial desde agosto, os bancários reivindicam reajuste salarial de 11% (reposição da inflação, mais aumento real), maior participação nos lucros e resultados, valorização dos pisos salariais, fim do assédio moral e das metas abusivas, além de mais investimentos em segurança e melhores condições de trabalho. Após quatro rodadas de negociação, os bancos apresentaram a proposta de 4,29% de reajuste, o que repõe apenas as perdas do período.

A proposta foi rejeitada por unanimidade pela categoria, que decidiu cruzar os braços até a apresentação de uma contraproposta que atenda suas demandas. “A greve foi a nossa única opção para vencer a intransigência dos banqueiros. Os lucros deles cresceram, em alguns casos, mais de 40%, no entanto eles se negam a conceder um aumento de 11% aos funcionários, afirmando que o índice e inviável. Inviável é a categoria aceitar 4,29% de reajuste”, ressaltou o presidente da Federação dos Bancários da Bahia e Sergipe, Emanoel Souza.

Movimento crescente

A avaliação do primeiro dia de greve dos bancários na Bahia foi positiva, segundo avaliação do presidente do Sindicato, Euclides Fagundes. Este foi um dos pontos apontados durante a assembléia na noite desta quarta-feira, em Salvador, na qual a categoria decidiu pela continuidade do movimento. Os trabalhadores decidiram ainda que seja encaminhada uma carta ao presidente Lula reivindicando que o governo aceite a questão da isonomia e reposição das perdas nos bancos públicos.

Sem nenhuma perspectiva de negociação, a greve dos bancários tende a avançar em Salvador e no interior do Estado. Nesta quinta-feira, 130 agências da capital estão com as atividades paralisadas, sendo 100 públicas e 30 privadas. Nas cidades do interior, o movimento também é forte. Em diversos municípios, as unidades bancárias permaneceram fechadas durante todo o dia, entre eles, Camaçari, Juazeiro, Alagoinhas, Feira de Santana, Vitória da Conquista, Ilhéus e Barreiras.

O movimento também conta com grande participação dos funcionários, que mostram sensibilidade com a luta. Somente em Salvador, cerca de 70% da categoria aderiu à greve. E a tendência é de que a mobilização ganhe ainda mais força nos próximos dias.

De Salvador,
Eliane Costa