Eleições 2010: Maranhão, a dois passos da utopia

Artigo do dirigente petista e professor Franklin Douglas destaca a importância histórica da iminente ida de Flávio Dino (PCdoB) ao segundo turno nas eleições do Maranhão. Segundo pesquisas recentes, Flávio Dino disputará o segundo turno com Roseana Sarney (PMDB). Acompanhe abaixo a opinião do professor .

Não basta que as ideias estejam amadurecidas para o tempo; é preciso que o tempo esteja amadurecido para as ideias. Grosso modo, essa é uma das boas lições deixadas pelo marxismo para compreendermos que “uma ideia torna-se uma força material quando ganha as massas organizadas”.

A ideia de um Maranhão livre, igual, democrático, desenvolvido, sem patrimonialismo, mandonismo e clientelismo percorre o calendário eleitoral de há muito tempo, especialmente em nosso recente período democrático dos anos 1980 a 2000. Se um ciclo histórico de poder tende a esgotar-se a cada 20 anos, o sarneismo poderia ter sido levado a cabo em 1986, não fosse a Nova República padecer sob a morte de Tancredo Neves e a ascensão de José Sarney à Presidência da República – levando à cooptação das oposições maranhense em torno do PMDB de Cafeteira, Renato Archer e Cid Carvalho.

Exatos 20 depois, o ciclo uma vez mais parecia esgotar-se. A vitória das oposições em 2006, contudo, levou a dois erros subseqüentes por suas lideranças: dar o sarneismo como morto e tentar construir um novo bloco histórico sob as mesmas forças sarneizistas parcialmente derrotadas. Por conta desses erros, o reverso da vitória foi a derrota via golpe judiciário, no dia 16 de abril de 2009.

Dialeticamente, contudo, a retomada do poder aos Sarneys lhes trouxe mais ônus do que bônus. A resistência e denúncia do golpe feito nas ruas, ainda que sob pouca pressão popular, revigorou a ideia de que o Maranhão livre ressurgiria pouco tempo depois, neste pleito de outubro de 2010. O fato é que a ideia desse Maranhão livre estava entranhada no povo, e agora, mais do que nunca, o tempo urge por sua materialização. Torna-se, assim, uma força material que ganha as massas sob dois pilares:

(I) SARNEY, atraso, coronelismo, desigualdade: NÃO!;

(II) OPOSIÇÕES, desenvolvimento social e econômico, Democracia e fundação da República no Maranhão, SIM!

E, personificando esses dois pilares, também dois nomes: Jackson Lago (PDT – O povo é maior) e Flávio Dino (PCdoB – Muda Maranhão).

São dois nomes, dois passos rumo à utopia de construir o Maranhão livre, democrático, popular.

Um, a história da resistência à Ditadura Militar, da luta pela redemocratização do país, da anistia, das Diretas Já, da ilha rebelde que não se rendeu ao rolo compressor do sarneismo em 1988.

Outro, a herança da juventude que também sonhou e se construiu nessas lutas, que contribuiu para reconstruir a UNE e os movimentos sociais maranhenses na Diretas, na participação popular na Constituinte de 1988; que se firmou como alternativa, também na ilha rebelde, em 2008.

Dois passos que o povo novamente dá para, uma vez mais, materializar a opção por derrotar a velha oligarquia. Estamos, quem diria – em tão pouco tempo –, diante de uma nova chance, de uma nova possibilidade de reconstruir a utopia maranhense.

E o que é a utopia? Onde ela está? Para que ela nos serve?

O escritor uruguaio Eduardo Galeano já a localizou e nos definiu:

“A Utopia está lá no horizonte. Me aproximo dois passos, ela se afasta dois passos. Caminho dez passos e o horizonte corre dez passos. Por mais que eu caminhe, jamais alcançarei. Então, para que serve a utopia, senão para nos fazer caminhar?”

A utopia maranhense mantém-se viva apesar dos equívocos aqui e ali, e nos faz permanentemente nos movimentar, simplesmente porque as massas populares a introjectaram, incorporaram-na e a tornou uma força que faz com que, por exemplo, 12 milhões de reais em marketing se desconstrua em 18 caracteres na internet (#ForaRoseanaSarney). Ou que mesmo com o poder econômico, operado pela noite a dentro, o dinheiro não compre a consciência e voto popular, lembrando a “Força Total” das eleições de 1985 em São Luís, que se desmanchou sob votos e o “poder das flores”… Quando o povo quer, nada o impede de fazer acontecer! Nem Lula salva Roseana.

A primeira derrota da oligarquia, neste dia 03 de outubro de 2010, será a confirmação do segundo turno, com Flávio Dino ou Jackson Lago. A segunda derrota de Roseana Sarney Murad será no segundo turno, com Flávio Dino e Jackson Lago.

Estamos, pois, a dois passos da utopia!

Franklin Douglas, jornalista e professor, 37 anos