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Sem nova proposta dos patrões, greve dos bancários cresce

A greve nacional iniciada pelos bancários no último dia 29/09, por tempo indeterminado, ganha mais força a cada dia que passa. Nesta sexta-feira (1º), 6.215 agências foram fechadas nos 26 estados e no Distrito Federal, além de dezenas de centros administrativos de todos os bancos nas capitais. Os números refletem um crescimento de 27% em relação ao segundo dia, quando 4.895 agências foram paralisadas. 

- Arquivo CTB

A paralisação é uma resposta à Federação Nacional dos Bancos (Fenaban), cuja postura de desinteresse por negociações é considerada pela Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) um "desrespeito à categoria", conforme divulgado na página da entidade.

Os bancários reivindicam 11% de reajuste, valorização dos pisos salariais, maior Participação nos Lucros e Resultados (PLR), medidas de proteção da saúde que incluam o combate ao assédio moral e às metas abusivas, garantia de emprego, mais contratações, igualdade de oportunidades para todos e mais segurança.

Quase 300 agências de bancos públicos da Bahia estão fechadas, por mobilização do sindicato

Nordeste mobilizado

Os bancários de instituições públicas têm demonstrado, mais uma vez, união e grande capacidade de mobilização. Quase 300 agências da base do Sindicato da Bahia estão fechadas. De acordo com os dirigentes, a tendência é ampliar ainda mais o movimento na próxima semana.

Do Banco do Brasil, são mais de 200 unidades sem funcionamento. A greve atinge mais de 100 municípios. Cidades baianas com grande movimento financeiro, como Salvador, Feira de Santana, Camaçari, Barreiras e Vitória da Conquista estão com os bancos fechados.

Em Salvador, das 57 agências do Banco do Brasil, 55 ficaram fechadas. A situação na Caixa é a mesma. Os bancários paralisaram as atividades em 35 unidades.

Mesmo com toda pressão e assédio, sofridos pelos empregados, as instituições privadas também seguem fechadas. Na sexta-feira, 33 agências soteropolitanas localizadas entre o Comércio, Barra, Iguatemi, Itapuã e Avenida Sete de Setembro, permaneceram lacradas.

Em Sergipe, subiu para 109 o número de agências fechadas: 21 da Caixa Econômica, o equivalente a 100%; 39 das 48 do Banco do Brasil, 82%; 10 das 15 do Banco do Nordeste, 67%; e 12 das 27 agências dos bancos privados, ou seja, 45%.

Apesar da resistência, o Comando de Greve em Sergipe ampliou os esforços e conseguiu fechar a agência Central do Banese. O Banco do Estado de Sergipe terminou a semana com 27 unidades fechadas.

Diante da postura intransigente da Fenaban, sem proposta de reajuste com ganho real, bancários prometem manter e até mesmo fortalecer o movimento grevista

Intransigência

Os bancários alertam que a situação vai continuar enquanto a Fenaban mantiver a postura intransigente. Até o momento, foi apresentada a proposta de 4,29% de reajuste, ou seja, apenas a reposição da inflação. No entanto, os sindicatos reclamam que os banqueiros continuam a encher os seus cofres. No primeiro semestre, lucraram nada menos do que 24,7 bilhões de reais.

Para Eduardo Navarro, secretário de Comunicação da CTB, os banqueiros não têm desculpa para negar aumento real aos trabalhadores, já que economia brasileira nunca esteve tão boa. “O crescimento do PIB deve ultrapassar os 7% neste ano. Outras categorias têm conquistado reajustes históricos, como os petroleiros, que garantiram 10% de reajuste”, afirmou.

A opinião é compartilhada por Luis Moura, economista e coordenador do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) de Sergipe. Moura considera a proposta da Fenaban absurda: “se você olhar a proposta da Fenaban é totalmente fora da realidade (4,29%). Trabalha com uma proposta destoante da realidade, demonstra intransigência. Está empurrando os bancários para o enfrentamento”, afirmou.

Pressão

Segundo denúncias dos trabalhadores, as instituições financeiras estão ligando para os funcionários e fazendo ameaças, obrigando bancários a entrarem nos locais de trabalho de madrugada, usam helicópteros para transportar trabalhadores e estão ingressando em massa na Justiça com pedidos de interdito proibitório. O interdito é um instrumento jurídico originalmente usado por proprietários de terra para reintegração de posse em casos de ocupação.

Nesta segunda-feira (4), o Comando Nacional dos Bancários se reune em São Paulo para fazer uma avaliação da greve e definir os rumos do movimento, bem como os encaminhamentos para intensificar a mobilização.

Fonte: Portal CTB