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Bancada do PSDB na Câmara despenca 46% desde a reeleição de FHC

Desde a reeleição presidencial de Fernando Henrique Cardoso, em 1998, o número de deputados federais eleitos pelo PSDB caiu 46,46% e foi de 99 parlamentares para 53 nesta eleição. Em comparação ao resultado de 2006, a bancada tucana perdeu representantes em quatro das cinco regiões brasileiras. A exceção foi a Norte, que passou de seis para sete deputados eleitos.

A redução mais acentuada no número de deputados eleitos se deu no Nordeste. Os tucanos passaram de 18 , em 2006, para 11, nesta eleição. A maior queda se deu no Ceará, onde há quatro anos o partido elegeu cinco deputados e agora, apenas um. Foi lá que o maior cacique do partido no Estado, Tasso Jereissati, colheu derrota na disputa pelo Senado.

Em contraposição, o PSDB ganhou um deputado federal em Alagoas. Há quatro anos, não conseguiu eleger nenhum no estado. Na Bahia, maior colégio eleitoral da região, os tucanos mantiveram dois representantes, e um deles é novo: o ex-governador Antonio Imbassahy, filiado ao PSDB desde 2005, quando rompeu com o carlismo.

No Sudeste, onde o partido tinha mais parlamentares, a bancada caiu de 29 para 24 deputados federais. Em São Paulo, berço político do PSDB e estado em que o partido caminha para o seu quinto mandato consecutivo no governo, o número de deputados caiu de 18 para 13, em quatro anos.
 
Minas, uma exceção

Na região, a exceção foi Minas Gerais, que ganhou mais um deputado e passou de sete para oito. Sob influência do ex-governador Aécio Neves, o PSDB mineiro se reforçou com a reeleição do governador Antonio Anastasia e a eleição para o Senado de Aécio e do ex-presidente Itamar Franco (PPS), da mesma coligação dos tucanos.

É da bancada mineira o candidato do partido mais votado, Rodrigo de Castro, com 271.306 votos. Dirigente nacional do PSDB, é ligado a Aécio e integrou a equipe dele no governo estadual.

Santa Catarina foi a exceção do Sul. No estado em que a oposição elegeu Raimundo Colombo (DEM) para o governo local, os tucanos ganharam mais um deputado. Nos outros dois estados, o partido perdeu representantes para a Câmara. Além disso, o PSDB não conseguiu eleger deputados federais em seis estados: Amazonas, Distrito Federal, Piauí, Rio Grande do Norte, Rondônia e Sergipe.

No Norte – região em que o PSDB ganhou mais um parlamentar em relação a 2006 –, destaca-se o candidato Marcio Bittar eleito pelo Acre. O tucano obteve a maior votação percentual de toda bancada – 15, 27%, em um estado dominado politicamente pelo PT. Lá, o governo petista começará no próximo ano sua quarta gestão consecutiva. Bittar é um dos principais nomes da oposição do Acre e articulou-se junto ao candidato do PSDB ao governo estadual, Tião Bocalom, para reforçar a oposição no estado.

Os porquês do encolhimento

Na análise do senador por Minas Gerais e ex-presidente do PSDB, Eduardo Azeredo, há pelo menos duas explicações para a redução da bancada tucana na Câmara. Uma delas é a atração do governo federal e os recursos financeiros da Presidência. "O governo tem a maior parte da arrecadação, e a tendência dos partidos e de parlamentares é de ir atrás de quem tem mais poder e recursos", diz o senador.

A outra é a legislação eleitoral. "Todos os grandes partidos estão enfrentando dificuldades para crescer, porque segundo a legislação eleitoral é mais fácil se eleger pelos partidos pequenos", considera. "Precisa de menos votos do que nos partidos grandes e por isso foram os pequenos os que mais cresceram."

Ressalve-se que o cacique do PSDB, que foi líder do “mensalão tucano” em Minas Gerais, faz questão de menosprezar a aprovação recorde ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Esta, sim, talvez seja a principal e inescapável justificativa para o encolhimento de seu partido.

Esta eleição trouxe à bancada tucana uma renovação de quase metade de seus quadros na Câmara. A taxa de renovação, de 47% , é superior à média da Casa, de 44,25%. Da nova bancada, boa parte tem perfil administrativo, com passagens por governos municipal, estadual, com cargos no Legislativo e na máquina partidária. Entre os deputados que assumirão em 2011 há três ex-presidentes do PSDB: além de Azeredo, estão o senador Sérgio Guerra (PE), novato na Câmara, e José Anibal, que se reelegeu.

Da Redação, com informações do Valor Econômico