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Políticas para formar leitores são temas de eventos em Brasília

De que adiantam os livros, sem leitores? Com esta indagação, a 29ª Feira do Livro de Brasília realiza, nesta quinta-feira (14) o painel “Políticas Públicas para a Formação Leitora”, promovido Ministério da Cultura. No mesmo período em que acontece a Feira do Livro, está sendo realizado, na Universidade de Brasília (UnB), o 3o Congresso Latino-Americano de Compreensão Leitora, que discute a falta do hábito da leitura em todos os níveis da educação brasileira, do ensino básico ao superior.

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A assessora técnica Ana Dourada, que falará sobre o Plano Nacional do Livro e Leitura (PNLL), instituído pelos ministérios da Educação e da Cultura em 2006, destaca, entre as diversas ações, a implantação e modernização de bibliotecas, a implantação de Pontos de Leitura, as bolsas para escritores e os prêmios literários. O plano dá as diretrizes da política para o setor tanto no âmbito educacional quanto cultural.

O titular da Diretoria do Livro, Leitura e Literatura (DLLL), Fabiano dos Santos Piúba apresentará as mudanças desenvolvidas ao longo da atual gestão do Ministério da Cultura nas políticas para o setor, que incluem investimentos na democratização do acesso e na formação leitora, com crescimento dos recursos aplicados.

Já o secretário de Leitura de Nova Friburgo (RJ), Francisco Gregório Filho, que também participa do painel, irá apresentar o que é desenvolvido em sua cidade, o único município brasileiro que tem uma secretaria voltada especificamente para a Leitura. Em Nova Friburgo, os livros e os leitores estão por toda a parte.

Analfabetismo literário

A falta do hábito da leitura em todos os níveis da educação brasileira, do ensino básico ao superior, foi o ponto de discussão de especialistas no encontro, organizado pelo Departamento de Teoria Literária e Literaturas da UnB, que segue até sexta-feira (15). Os especialistas afirmam que a cultura do analfabetismo literário, embora ainda muito forte no país, pode e deve ser mudada por meio da criatividade de professores em sala de aula.

Para ilustrar o poder transformador da literatura, o escritor carioca Gabriel Perissé contou uma experiência de infância durante sua apresentação no 3o Congresso Latino-Americano de Compreensão Leitora (Comlei), nesta quarta-feira (13). Aos nove anos, ele foi reprimido por uma professora ao escrever o plural de irmã como “irmães”. O garoto cresceu traumatizado com a grosseria da mulher. Aos 19, no entanto, Perissé leu um trecho do livro Grande Sertão – Veredas, de Guimarães Rosa, onde o autor escrevia “Enfim, cada um o que quer aprova, o senhor sabe: pão ou pães, questão de opiniães” e decidiu escrever seu primeiro ensaio literário. Hoje, aos 48 anos, tem 18 livros publicados.

A cearense Magnólia Araújo Santos defendeu a contação de histórias como uma forma de incentivar o hábito da leitura em crianças e adolescentes. Coordenadora do projeto Protagonistas da História, ela conta com o apoio de alunos do ensino médio para visitar turmas do ensino fundamental. “O ato de contar histórias pode ser mais que uma leitura, pode ser a emoção do aprender a compartilhar”, afirma. “Não quero ser uma professora comum, quero que minha prática seja significativa”, completa.

A falta do hábito da leitura também faz parte do cotidiano de universitários e pós-graduandos. É o que afirma a professora Graça Paulino, da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Segundo ela, a medida que a pessoa se especializa o repertório literário empobrece. “A literatura especializada afasta os intelectuais da realidade brasileira”, afirma, acrescentando que “ter olhos apenas para a literatura especializada é como se fechar para a vida social e ignorar aspectos importantes da vida das pessoas”.

Serviço:
A 29ª Feira do Livro e da Leitura de Brasília tem como tema “O Mundo da Leitura. A Leitura no Mundo” e prossegue até domingo (17), no Pavilhão de Exposições do Parque da Cidade. O evento reúne 157 expositores e as principais editoras do país e pretende receber um público de 150 mil pessoas, durante os 10 dias do evento. Na programação, além dos stands de vendas, palestras, workshops, oficinas e debates com escritores brasileiros e estrangeiros. A entrada é franca.

De Brasília
Com agências