Sem categoria

Autoridades da Guatemala sabiam de experimentos dos EUA

Um relatório do Serviço de Saúde Pública dos Estados Unidos – divulgado nesta quinta (14) – indica que autoridades de saúde da Guatemala sabiam dos experimentos que pesquisadores estadunidenses realizavam com guatemaltecos/as na década de 1940. De acordo com o informe, autoridades do país centro-americano concordaram com as pesquisas em troca da instalação de um laboratório de investigação.

O documento aponta que o ministro de Saúde Pública e Assistência Social da época, Julio Salvado, assinou um acordo com o Escritório Pan-Americano de Sanidade (Pasb, por sua sigla em inglês). Tal acordo consistia na autorização de pesquisas estadunidenses em que se inoculavam doenças sexuais em prostitutas, réus e doentes mentais guatemaltecos/as em troca de um laboratório no país centro-americano.

Além do ministro da Saúde Pública, o relatório revela que outras autoridades tinham conhecimento do convênio, como: Juan Funes, chefe da Divisão de Controle de Enfermidades Venéreas de Sanidade Pública; Rolando Funes, diretor interino do laboratório de serologia na Guatemala; Galich, diretor de Sanidade Pública da Guatemala; Carlos Tejeda, chefe de serviços médicos do Hospital Militar; e Julio Salvado, médico do hospital para doentes mentais.

Entre os anos de 1946 e 1948, profissionais da saúde dos Estados Unidos infectaram guatemaltecos/as – intencionalmente e sem o conhecimento ou consentimento deles/as – com doenças sexuais, como sífilis e gonorreia. A ideia era analisar a eficácia da penicilina no tratamento dessas enfermidades.

Durante esses anos, John Cutler, responsável pelos estudos, realizou 18 experimentos com sífilis e 41 com gonorreia. Na ocasião, presos e prostitutas não foram os únicos a serem infectados com as doenças. Das 712 pessoas contagiadas com gonorreia, por exemplo, 663 eram soldados. As outras 49 eram pacientes de hospital para doenças mentais. Além desses, 142 efetivos do Exército também foram contagiados com cancro.

O Laboratório de Investigação de Enfermidades Venéreas dos Estados Unidos foi o responsável inicial pela direção científica e técnica do estudo. Entretanto, após o experimento, no ano de 1948, a responsabilidade pela observação das pessoas infectadas passou a ser do ministro de Saúde Pública e Assistência Social e do chefe da Divisão de Controle de Enfermidades Venéreas de Sanidade Pública.

Fonte: Adital, com informações de Prensa Libre