Aloysio Nunes admite ser amigo de Paulo Preto

O senador eleito Aloysio Nunes Ferreira (PSDB) confirmou nesta segunda-feira (18), em entrevista ao programa Roda Vida, que é amigo pessoal do ex-diretor da Dersa Paulo Vieira de Souza. Conhecido como Paulo Preto, ele foi citado pela presidenciável Dilma Rousseff (PT) durante debate realizado no último dia 10, como tendo arrecadado e se apropriado de ao menos R$ 4 milhões doados à campanha tucana. Nunes nada disse para contestar as afirmações de sua adversária

Ele afirmou que as famílias dele e de Souza são amigas há mais de 20 anos. E negou que o ex-diretor tenha ficado com dinheiro da campanha de Serra, mas disse que "não põe a mão no fogo por ele".

– Não ponho a mão no fogo nem pelos meus filhos.

Segundo o tucano, a saída de Souza da Dersa se deu por divergências com o governador Alberto Goldman, que assumiu o comando do Estado quando Serra decidiu concorrer à Presidência. Seus métodos de atuação, inclusive, chegaram a irritar Goldman. Em um e-mail enviado por ele em novembro do ano passado ao então governador, José Serra, de quem era vice, Goldman se queixava de Paulo Preto.

Em agosto, reportagem da revista IstoÉ trouxe a denúncia do suposto calote e informou ainda que Paulo Vieira de Souza tem uma relação estreita com Nunes. “As relações de Aloysio e Paulo Preto são antigas e extrapolam a questão política. Em 2007, familiares do engenheiro fizeram um empréstimo de R$ 300 mil para Aloysio”.

O empréstimo foi confirmado por Aloysio ontem. Ele disse que recebeu empréstimo de R$ 300 mil da filha de Souza para comprar um apartamento e que o valor foi devolvido.

A reportagem da revista IstoÉ ouviu dois dirigentes do primeiro escalão do PSDB, que confirmaram a arrecadação de Paulo Preto. O engenheiro arrecadou “antes e depois de definidos os candidatos tucanos às sucessões nacional e estadual”. Os R$ 4 milhões seriam referentes apenas ao valor obtido antes do lançamento oficial das candidaturas, o que impede que a dinheirama seja declarada, tanto pelo partido como pelos doadores”, relata a revista.

A IstoÉ diz ainda que “até abril, Paulo Preto ocupou posição estratégica na administração tucana do Estado de São Paulo” – ele foi diretor de engenharia da Dersa, estatal responsável por obras como a do Rodoanel.

A publicação também ouviu Paulo Preto, que nega a arrecadação de recursos e diz que virou “bode expiatório”.

O engenheiro não é filiado ao PSDB, mas tem uma longa trajetória ligada aos governos tucanos. A revista conta que ele ocupou cargos no segundo mandato do presidente Fernando Henrique Cardoso e, em São Paulo, atuou na linha 4 do Metrô, no Rodoanel e na marginal Tietê.

Outra acusação que pesa sobre o “homem-bomba” tucano, segundo reportagem da revista Veja, é o envolvimento do seu nome na operação Castelo de Areia, da Polícia Federal, que investigou a empreiteira Camargo Corrêa entre 2008 e 2009. Embora não tenha sido indiciado, Paulo Preto é citado em uma série de documentos. Um dos papéis indica que o ex-diretor da Dersa teria recebido quatro pagamentos mensais de pouco mais de R$ 400 mil, o que ele nega.

Paulo Preto foi exonerado da diretoria da Dersa em abril deste ano quando Alberto Goldman assumiu o governo de São Paulo no lugar de Serra. Em entrevista à IstoÉ, o ex-diretor diz que até hoje não foi informado sobre o motivo da demissão.

A mensagem foi citada pela revista IstoÉ em sua edição desta semana e dizia o seguinte: “Ele [Paulo Preto] é vaidoso e arrogante. Fala mais do que deve, sempre. Parece que ninguém consegue controlá-lo. Julga-se o super homem. Não tenho qualquer poder de barrar ações. Mas tenho o direito, e a obrigação, de opinar e tentar evitar desgastes desnecessários”.

Paulo Preto deixou o cargo após a inauguração do Trecho Sul do Rodoanel e, coincidência ou não, foi quando Serra deixou o governo do Estado para se candidatar à Presidência, dando lugar a Goldman.