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Eleição em Lima não deve influenciar presidenciais no Peru

As projeções para as eleições presidenciais peruanas, marcadas para abril de 2011, ainda estão bastante indefinidas. Uma recente pesquisa feita pelo instituto Ipsos-Apoyo coloca o ex-prefeito de Lima Luis Castañeda em primeiro, com 24% das intenções de voto, seguido de Keiko Fujimori – filha do ex-presidente – com 23%.

As expectativas agora giram em torno de quais alianças – explícitas ou não – os candidatos farão. Castañeda é do Partido Nacional da Solidariedade e Keiko, do Força 2011.

Ao perguntar aos entrevistados quem o partido Força Social, de esquerda moderada e que lidera a contagem de votos para a prefeitura de Lima com Susana Villarán, deve apoiar, 15% sugeriram que o ex-presidente Alejandro Toledo, que já se comporta como c andidato, mas anunciará a decisão no final de 2010. Os resultados das eleições em Lima – realizadas em 3 de outubro – ainda não foram totalizados.

No entanto, os números parciais indicam uma leve vantagem de Villarán sobre a candidata de centro-direita, Lourdes Flores, o que provocou uma discussão se acontece atualmente no país andino uma inclinação à esquerda. Analistas entrevistados pelo Opera Mundi, porém, coincidem em refutar essa tese e afirmam que o eleitorado peruano vota sem levar em conta a orientação ideológica dos partidos, adotando geralmente uma postura paradoxal e pragmática.

Martín Tanaka, chefe do departamento de Ciência Política da Universidade Católica de Lima, disse que “mais de 60% dos peruanos não têm ideia do significa esquerda e direita”, citando uma pesquisa recente realizada pelo Ipsos-Apoyo. “Além da volatilidade do voto, as referências ideológicas diminuíram muito, praticamente sumiram”, continuou Tanaka. “A porcentagem que se identifica como de esquerda ou direita está no centro do país, mais politizada.”

Um aspecto do eleitor observado em outras eleições, mas evidenciado nessas últimas, é o pragmatismo. É comum se optar por um candidato de esquerda hoje e na seguinte eleição votar em um fujimorista, explica Tanaka. “Os eleitores estarão interessados nos temas de segurança, combate à corrupção e pobreza etc, e ao mesmo tempo, há muitas críticas ao funcionamento das instituições. Se a esquerda oferece alternativas, votam pela esquerda e assim por diante.”

Tipos de eleitorado

Para Tanaka, há dois tipos de eleitorado: o antipolítico, indiferente quanto aos partidos, mais interessado nas obras que serão feitas, e os que querem mais substância no jogo democrático. No primeiro grupo se inserem Keiko Fujimori e Luis Castañeda e no segundo, Alejandro Toledo – mais ao centro – e Ollanta Humala, de esquerda.

Na opinião do analista, Fujimori está bem nas pesquisas porque o público a vê como um personagem jovem, limpo, sem compromissos com a política tradicional. “O discurso fujimorista afirma que a corrupção é culpa da política tradicional e que precisamos de algo novo para combatê-lo.”

O analista peruano Jorge Aragón destacou aspectos favoráveis da candidatura de Toledo frente a Humala e Fujimori. “Após as eleições, a esquerda moderada perde seu melhor candidato: Villarán. Agora restam Keiko, Castañeda, Toledo e Humala. Castañeda agrupa a direita não-fujimorista, e Humala fica com o resto dele e dos fujimoristas”.

Porém, com a entrada oficial de Toledo na campanha, o quadro deve mudar. “É um candidato menos rejeitado. Humala e Keiko tem forte rejeição. Mesmo sem estar na campanha, Toledo já está no grupo dos três primeiros colocados nas pesquisas”, concluiu Aragón, coordenador de Ciência Política da Universidade Jesuíta Antonio Ruiz de Montoya.

Vargas Llosa

Para o sociólogo Aldo Panfichi a democracia peruana está ameaçada por iniciativas autoritárias, mas a atenção mundial às eleições em 2011 devem ser maiores, ainda mais após a escolha de Mario Vargas Llosa para o Nobel de Literatura.

“O efeito político desse reconhecimento irá fortalecer as alternativas de vigilância contra qualquer iniciativa antidemocrática. Teremos mais olhos sobre nós”, afirmou.

Fonte: Opera Mundi